Michel Temer usou seu pronunciamento oficial nesta tarde para se defender da denúncia apresentada por Janot ao STF
Lula Marques/Agência PT - 18.5.17
Michel Temer usou seu pronunciamento oficial nesta tarde para se defender da denúncia apresentada por Janot ao STF


Em um salão lotado de deputados aliados, previamente alocados para demonstrar apoio ao presidente da República, Michel Temer (PMDB) disse, nesta terça-feira (27), que "reinventaram o código penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação". A declaração do presidente foi um ataque direto à denúncia contra ele apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta segunda-feira (26), pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot .

"Examinando a denúncia eu percebo, e falo com conhecimento de causa, eu percebo que reinventaram o código penal e incluíram uma nova categoria: a denúncia por ilação", diz Michel Temer , que ressaltou sua experiência na área jurídica. 

Após entrar para a história do Brasil como o primeiro presidente da República a ser denunciado formalmente durante o exercício do mandato, Temer falou ao público pela primeira vez, às 15h50 desta terça-feira. O tema do pronunciamento do presidente foi a denúncia apresentada nesta segunda, na qual Temer responde pelo crime de corrupção passiva.

O presidente aproveitou o pronunciamento para partir para o contra-ataque, dizendo que "no caso do senhor grampeador [Joesley Batista], o desespero de se safar da cadeia moveu a ele e seus capangas para, na sequência, haver homologação de uma delação e distribuir o prêmio da impunidade. Criaram uma trama de novela."

"O que há é um atentado, na verdade, contra o nosso País", afirmou o presidente, ao dizer que tal denúncia é uma 'ficção'. Mais a frente, Temer disse que não pode "criar falsos fatos para atingir objetivos subalternos" e que "não denuncia sem provas".

"As regras mais básicas da Constituição não podem ser esquecidas, jogadas no lixo, tripudiadas pela embriaguez da denúncia, que busca a revanche, a destruição e a vingança", afirmou.

Temer disse ainda que "quem deveria estar na cadeia está solto para voar a Nova York, ou Pequim, para voltar para cá e criar uma nova história".

Nesta terça, o peemedebista passou a manhã no Palácio do Jaburu e não foi ao Palácio do Planalto, sede do governo federal. Essa foi a primeira vez que o presidente falou ao público após a divulgação da denúncia contra ele.

Delatado por Joesley

De acordo com trecho da denúncia que foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo , Janot argumenta que "entre os meses de março a abril de 2017, com vontade livre e consciente, o Presidente da República Michel Miguel Temer Lulia, valendo-se de sua condição de chefe do Poder Executivo e liderança política nacional, recebeu para si, em unidade de desígnios e por intermédio de Rodrigo Santos da Rocha Loures, vantagem indevida de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) ofertada por Joesley Mendonça Batista, presidente da sociedade empresária J&F Investimentos S.A., cujo pagamento foi realizado pelo executivo da J&F Ricardo Saud".

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A denúncia contra o presidente foi originada a partir do acordo de delação premiada feito entre Joesley e o MPF (Ministério Público Federal), no qual o empresário apresentou a gravação de uma conversa com Temer, realizada em março deste ano no Palácio do Jaburu, em Brasília.

Na ocasião, Joesley Batista comenta com o presidente sobre o pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba, para que ele permanecesse em silêncio diante das investigações da Operação Lava Jato. Na gravação, Temer ouve o relato feito pelo empresário, mas não manifesta oposição.

Um dos pagamentos de propina, no valor de R$ 500 mil, seria feito por Ricardo Saud, da JBS, ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que também está preso. O peemedebista foi assessor de Michel Temer na Vice-Presidência e foi flagrado pela Polícia Federal em São Paulo no dia 28 de abril recebendo R$ 500 mil em notas de R$ 50.

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* Com informações da Agência Brasil.

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