A Polícia Federal concluiu, em seu relatório final entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal), que o presidente Michel Temer (PMDB) exerceu atuação no sentido de obstruir investigações judiciais no âmbito da Operação Lava Jato. O documento foi encaminhado à Corte na tarde desta segunda-feira (26).
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De acordo com informações publicadas pelo jornal “Folha de S.Paulo”, o documento aponta que Michel Temer deixou de comunicar as autoridades competentes a respeito de casos de corrupção envolvendo membros do Poder Judiciário e do Ministério Público. O material foi feito a partir da divulgação de áudio de conversa entre o presidente e o executivo Joesley Batista, um dos proprietários da J&F, holding que controla a empresa JBS.
A PF diz em seu relatório que Temer agiu "por embaraçar investigação de infração penal praticada por organização criminosa, na medida em que incentivou a manutenção de pagamentos ilegítimos a Eduardo Cunha, pelo empresário Joesley Batista, ao tempo que deixou de comunicar autoridades competentes de suposta corrupção da Magistratura Federal e do Ministério Público que lhe fora narrado pelo mesmo empresário", segundo trecho publicado pela “Folha”.
O relatório entregue hoje ao Supremo foi concluído na última sexta-feira (23). Na ocasião, informações preliminares a respeito do documento davam conta de que a perícia feita pela PF no áudio da conversa entre Temer e Joesley identificou que o arquivo não possuía edição , apesar de diversos pontos de interrupção, provocados pela qualidade do aparelho utilizado.
Janot
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF um despacho recomendando a manutenção da prisão do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-RJ), que foi citado na gravação entre Temer e Joesley como responsável por repassar propinas oriundas da JBS.
Segundo reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo”, Janot diz em seu despacho que o presidente praticou crime de corrupção. A PGR deverá apresentar denúncia contra Temer no Supremo até amanhã.
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"Rodrigo Loures representa os interesses de Michel em todas as ocasiões em que esteve com representantes do Grupo J&F. Através dele, Temer operacionaliza o recebimento de vantagens indevidas em troca de favores com a coisa pública. Note-se que, em vários momentos dos diálogos travados com Rodrigo Loures, este deixa claro sua relação com Michel Temer, a quem submete as demandas que lhes são feitas por Joesley Batista e Ricardo Saud [diretor da JBS flagrado entregando mala de dinheiro a Rocha Loures], não havendo ressaibo de dúvida da autoria de Temer no crime de corrupção", afirmou Janot em seu despacho, conforme trecho revelado pelo “Estadão”.