O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) negou em depoimento prestado nesta quarta-feira (14) que tenha recebido dinheiro do empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS. O interrogatório foi realizado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, com a presença de um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR), e durou cerca de três horas, das 11h da manhã até por volta das 13h desta tarde.
A audiência com Eduardo Cunha se deu no âmbito do inquérito que investiga o presidente Michel Temer, processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e se baseia nas delações premiadas de executivos do grupo JBS. Um dos elementos que endossam as investigações é uma gravação de conversa entre Joesley Batista e Michel Temer. No diálogo, registrado em março deste ano no Palácio do Jaburu, o empresário faz menção a pagamentos à família de Cunha e o presidente Temer responde com a emblemárica frase "tem que manter isso, viu?".
O advogado Rodrigo Sanchez Rios, que acompanhou o depoimento de Cunha, disse que seu cliente voltou a rechaçar as acusações de Joesley. "Meu silêncio nunca esteve à venda", disse o ex-deputado, de acordo com relato do advogado.
A defesa de Cunha pediu na noite dessa terça-feira (13) que o relator do inquérito no STF, ministro Edson Fachin, liberasse o acesso às investigações da JBS, inclusive a gravação de Batista, com antecedência mínima de 48 horas do depoimento à PF. Por isso, o documento enviado à Corte também pediu a readequação da pauta da audiência marcada para esta manhã.
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Condenado a 15 anos e 4 meses de prisão no âmbito da Operação Lava Jato, Cunha está preso desde outubro do ano passado no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
O presidente Temer nega as acusações da PGR. Em documento enviado ao STF na semana passada, a defesa de Michel Temer afirmou que ele é "coadjuvante de uma comédia bufa, encenada por um empresário e criminoso confesso e agora está sendo objeto de uma inquirição invasiva, arrogante, desprovida de respeito e do mínimo de civilidade". A defesa do peemedebista pede o arquivamento das investigações.
Delação
O ex-presidente da Câmara está pressionado pelas movimentações do doleiro Lúcio Funaro
, que sinaliza ter a intenção de fechar um acordo de delação premiada. Uma vez que Funaro também é mencionado nas delações de executivos da JBS e é apontado como operador de propina nos esquemas que envolvem Eduardo Cunha, uma eventual delação premiada pode fazer com que os investigadores percam o interesse em fechar acordo também com o ex-deputado.
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*Com informações da Agência Brasil