Uma discussão ocorrida na tarde da última terça-feira (13) na Câmara Municipal de São Paulo terminou em agressão envolvendo o vereador Camilo Cristófaro (PSB) e um assessor parlamentar do também vereador Eduardo Suplicy (PT).
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Em vídeos publicados na internet, é possível ver uma discussão de Cristófaro com um munícipe (que aparece nas imagens de jaqueta vermelha), identificado como Rivaldo Santana. O cidadão diz ter uma gravação na qual o vereador pede R$ 5 milhões. Irritado, o parlamentar grita que o homem terá de provar as acusações.
“Você é cagão. Você vai falar perante o delegado de polícia”, disse Cristófaro a Santana, acrescentando que ele seria impedido de deixar o prédio da Câmara. “Eu não vou sair porque eu não quero”, respondeu. “Você não é homem para nada. Você é homem para gritar com os outros”, continuou o munícipe.
Veja os vídeos:
Em um segundo vídeo é possível ver dois seguranças imobilizando Santana, que protesta contra a situação. “Me solta que vocês não são autoridades”, esbravejou. Não é possível identificar se os dois homens são funcionários da Câmara ou se prestam serviço para Cristófaro.
Nesse momento, diversas pessoas que estavam ao redor filmavam a briga com câmeras de celular. Um dos que registravam a situação era Leandro Ferreira, assessor de Eduardo Suplicy . A assistente parlamentar Bárbara Aparecida Diniz, que trabalha no gabinete de Cristófaro, tentou impedir o registro das imagens.
Ferreira continuou filmando e, alguns segundos depois, recebeu do vereador um tapa na mão e caiu no chão em seguida. Durante a confusão, Bárbara também diz ter sido agredida e, posteriormente, chegou a postar vídeos no Facebook nos quais aparece com o braço enfaixado.
Os envolvidos na confusão foram levados pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) para o 3º DP (Campos Elíseos), onde foi registrado boletim de ocorrência.
Versões
Em um texto publicado nas suas redes sociais, Leandro Ferreira diz ter enfrentado dificuldades ao dar sua versão dos fatos às autoridades policiais. “Quando sentei para relatar o ocorrido, fui informado de que era eu o agressor contra as vítimas Camilo Cristófaro e sua assessora. Por cerca de uma hora, nossa briga foi para que eu fosse ouvido na condição de vítima, não na de agressor”, diz o assessor de Suplicy.
“Tive que solicitar ao menos três vezes que constasse no BO que eu declarava não ter encostado na assessora do vereador que me agrediu. Pedi até que constasse que eu estava de braços para o alto. A primeira versão que foi impressa e que me foi dada para assinar não tinha essa informação e me colocava claramente como agressor. Pedimos a revisão de imediato”, acrescentou Ferreira.
Por outro lado, Camilo Cristófaro publicou em sua página do Facebook um vídeo no qual sua assistente Bárbara Diniz dá a sua versão dos fatos. “No momento em que eu estava discutindo com ele [Leandro Ferreira], dizendo que ele estava fazendo informações falsas, ele me puxou pelo braço e me empurrou, me agrediu. Um homem agredindo uma mulher”, disse a funcionária.
Em outro vídeo, Bárbara aparece em frente ao IML (Instituto Médico-Legal), onde fez exame de corpo de delito. “Será que os peritos da polícia do Estado de São Paulo são mentirosos? Enfim, não tem nem o que dizer mais com relação a essa agressão. Ela de fato foi feita”, acrescentou a assistente parlamentar.
Cristófaro, por sua vez, disse que o assessor de Suplicy “fugiu” do exame de corpo de delito e afirmou que o PT e o PSOL “vivem da desgraça alheia”. Em março, ele se envolveu em outra confusão com uma vereadora do PSOL ( leia abaixo ).
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A equipe do iG procurou as assessorias de imprensa de Camilo Cristófaro e Eduardo Suplicy. Entretanto, nenhum dos dois vereadores deu entrevista até o momento da publicação desta reportagem.
Nota da Presidência
A Presidência da Câmara Municipal enviou nota à imprensa dizendo que pediu à Corregedoria da Casa que abra uma sindicância para apurar o caso. “Esta Casa vai tomar todas as providências cabíveis diante das imagens dos vídeos que circulam na Internet e registram a confusão no prédio do Legislativo paulistano”, garante.
Reincidência
Em março deste ano, Camilo Cristófaro foi acusado pela colega Isa Penna (PSOL) de tê-la agredido verbal e fisicamente nos corredores da Câmara Municipal após um bate-boca.
Isa Penna é vereadora suplente e, na época, estava no exercício do mandato em substituição ao parlamentar Toninho Vespoli (PSOL), que havia se afastado do cargo por um mês para a realização de um tratamento médico.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Isa relatou que encontrou Cristófaro no elevador e que foi ameaçada por ele após cumprimentá-lo. Ela diz que perguntou se o colega estava bem. “Ao que ele respondeu: ‘Não, não está nada bem! Com essa boca que você tem, não se assuste se tomar uns tapas lá fora!’”, relata.
Em seguida, a parlamentar afirma ter sido empurrada e xingada de “vagabunda”. “Essa agressão é uma clara reação à fala que eu fiz na quarta-feira [15 de março] no plenário, na qual eu denunciei que a Câmara Municipal de São Paulo está distante de representar os reais interesses da população e que tudo na Câmara é negociado”, acrescentou.
Nesta terça-feira, Isa Penna utilizou as redes sociais para relembrar o fato ocorrido em março e criticar a postura da Presidência da Câmara. “O grande absurdo é a corregedoria da Câmara até agora não ter julgado o meu processo. Até quando os vereadores vão ser coniventes com as agressões de Camilo? Uma pessoa como ele não pode continuar sendo um representante da população”, destacou.
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Em março, Cristófaro disse ao iG que confirmava a discussão, mas desmentiu a denúncia de agressão. Ele acusou a colega de estar se aproveitando da situação. “Ela vive disso, eu não. Ela precisa dos dez minutos de fama e depois volta para casa”, criticou.