O empresário Joesley Batista, proprietário da empresa J&F – holding que controla a JBS –, voltou ao Brasil no último domingo (11) e já prestou depoimento à Polícia Federal sobre as irregularidades investigadas pela Operação Bullish, que investiga a concessão de empréstimos por parte do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
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De acordo com informações publicadas nesta terça-feira (13) pelo jornal “ O Estado de S.Paulo ”, Joesley Batista estava na China após a divulgação dos áudios de conversas do empresário com o presidente Michel Temer (PMDB), nas quais o peemedebista teria avalizado o pagamento de propinas.
A assessoria do dono da J&F afirmou que, após o fechamento do acordo de delação premiada, o empresário não foi para Nova York, ao contrário do que havia sido divulgado. A nota enviada ao “ Estadão ” diz que a família de Joesley chegou a ser ameaçada após o vazamento dos áudios.
O empresário afirmou, também por meio de sua assessoria, que participou de reuniões em Brasília na última segunda-feira (12), mas não especificou o que foi tratado nessas ocasiões. O depoimento prestado por ele no âmbito da Operação Bullish não tem a ver com a delação que Joesley assinou com a PGR (Procuradoria-Geral da República) e que motivou a abertura de inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) contra Temer.
Propinas
Em um dos anexos de sua delação premiada, o empresário afirmou que pagou R$ 4,7 milhões em propina a Temer nas campanhas eleitorais de 2010 e 2012. O proprietário do grupo J&F relatou ter participado de pelo menos 20 encontros com o peemedebista.
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O empresário PGR uma gravação na qual Temer endossa o pagamento de uma "mesada" para calar o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e o operador de propinas Lúcio Funaro, ambos presos. Ao saber desta informação, o presidente teria solicitado que a prática não parasse: "Tem que manter isso".
No depoimento aos procuradores, Joesley revelou que a ordem da mesada na cadeia não partiu de Temer, mas que o presidente tinha total conhecimento de toda a operação.
Outra informação que atinge diretamente o presidente é a de que Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), homem de confiança de Temer e ex-assessor especial da Presidência, teria recebido R$ 500 mil de propina para cuidar de uma pendência da J&F, holding que controla a JBS. A pendência, no caso, seria a disputa entre a Petrobras e a J&F sobre o preço do gás fornecido pela estatal para a termelétrica EPE.
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Também foi divulgado áudio de conversa na qual o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) negocia com Joesley Batista o pagamento de propina no valor de R$ 2 milhões.