Ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, será investigado na Lava Jato

Em delações, executivos da Odebrecht acusam Bendine de solicitar e receber propina de R$ 3 milhões quando ainda era presidente do Banco do Brasil

O inquérito aberto sobre Aldemir Bendine será mantido em sigilo, conforme decisão de juiz Sérgio Moro
Foto: Lula Marques/ Agência PT - 14.10.15
O inquérito aberto sobre Aldemir Bendine será mantido em sigilo, conforme decisão de juiz Sérgio Moro

O juiz federal Sérgio Moro autorizou a abertura de inquérito sobre o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, citado nas delações dos empresários da Odebrecht, na Operação Lava Jato, no Paraná.

Leia também: Juiz Sérgio Moro aceita denúncia contra três ex-gerentes da Petrobras

O Ministério Público Federal (MPF) fez o pedido de abertura das investigações no dia 5 de junho. A decisão de Moro veio na última sexta-feira (9). Com isso, a Policia Federal cuidará do caso que envolve Aldemir Bendine , que durante o período entre abril de 2009 e fevereiro de 2015 foi presidente do Banco do Brasil, e no mesmo mês, foi nomeado à presidência da Petobrás, renunciando em maio do ano passado.

O inquérito, que irá tramitar sob sigilo, de acordo com o magistrado, para “preservar as diligências ainda a serem realizadas”. “Deverá porém a autoridade policial franquear o acesso ao conteúdo do inquérito aos investigados quando pretender tomar-lhes os depoimentos, pelo menos com cindo dias de antecedência”, determinou Moro.

Segundo os depoimentos de Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, Bendine solicitou R$ 3 milhões para facilitar negociações da empreiteira com a Petrobras. Os delatores afirmam  que a propina foi paga em espécie, por meio de um intermediário.

Leia também: Ministros criticam decisão de Fachin de retirar sigilo das delações da Odebrecht

Histórico

Em 2015, Bendine foi indicado para a presidência da petroleira para acabar com a corrupção na estatal, que já era alvo da Lava Jato. Mas, segundo os empresários da empreiteira, ele já cobrava propina desde a época do Banco do Brasil, e continuou fazendo isso depois que passou para a Petrobras.

O pedido, segundo os delatores, foi feito em 2014, quando Bendine respondia pelo Banco do Brasil. No depoimento de Fernando Reis, o ex-executivo afirma que um representante do ex-presidente da petroleira, o publicitário André Gustavo Vieira da Silva, queixando-se sobre o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

"Que o Guido mandava sempre o Aldemir fazer as coisas, que ele fazia, que tinha a percepção que o então ministro Guido Mantega fazia parte da arrecadação e que ele, Bendine, só recebia as ordens e não recebia nada, então ele queria tentar estabelecer conosco um canal para o Aldemir Bendine”, disse Reis durante delação.

A defesa de Aldemir Bendine nega que ele tenha beneficiado qualquer empresa e que sempre se pautou nos limites da lei. Os advogados ainda informaram que o ex-presidente da Petrobras está ”à disposição para esclarecer todos os fatos apresentados no inquérito”.

Leia também: Por 3 votos a 2, STF nega pedido de liberdade e mantém presa irmã de Aécio Neves