A Polícia Federal pretende intimar o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) para depor no inquérito que apura irregularidades nas contas da campanha que o elegeu na capital paulista em 2012. Os supostos crimes eleitorais foram alvo da Operação Cifra Oculta, desdobramento da Lava Jato deflagrado nesta quitna-feira (1º) .
Os investigadores apuram se a campanha de Fernando Haddad em São Paulo envolveu lavagem de dinheiro oriundo dos cofres da UTC Engenharia. De acordo com depoimento do ex-presidente da construtora Ricardo Pessoa, ele "efetuou pagamento à margem, em contabilidade paralela da campanha de Haddad".
"Esse pagamento foi operacionalizado pelo [doleiro] Alberto Youssef para uma gráfica aqui de São Paulo”, ressaltou o delegado Rodrigo de Campos Costa, da Polícia Federal . Costa disse ainda que, a partir das informações recolhidas durante o cumprimento dos mandados judiciais da Cifra Oculta, poderá pedir o indiciamento de Haddad.
Segundo os relatos colhidos até o momento, foram feitos pagamentos por meio de depósitos bancários e em espécie para gráficas que atuaram na campanha de Haddad no valor total de R$ 2,6 milhões.
Os pagamentos teriam sido feitos a pedido do então tesoureiro do PT , João Vaccari Neto. Algumas das gráficas sob suspeita são ligadas ao ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza (PT).
“Os valores pagos para essa gráfica eram muito superiores aos declarados ao Tribunal Eleitoral como quitação de campanha”, enfatizou o delegado da PF.
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Outro lado
Haddad afirma que “a gráfica citada, de propriedade do ex-deputado Francisco Carlos de Souza, prestou apenas pequenos serviços devidamente pagos pela campanha e registrados no TRE [Tribunal Regional Eleitoral]”.
Em nota, o ex-prefeito de São Paulo diz ainda que "contrariou interesses da empreiteira" durante sua gestão.
“A UTC teve seus interesses contrariados no início da gestão Fernando Haddad na prefeitura, com o cancelamento das obras do túnel da Avenida Roberto Marinho, da qual fazia parte junto com outras empreiteiras igualmente envolvidas na Lava Jato. O executivo da UTC Ricardo Pessoa era dos mais inconformados com a decisão”, acrescenta o comunicado.
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*Com reportagem da Agência Brasil