Em seu depoimento a Procuradoria-Geral da República (PGR) o empresário proprietário da JBS, Joesley Batista, afirmou que os pedidos de dinheiro feitos pelo senador afastado Aécio Neves (PSDB – MG) eram constantes, e que em determinado momento ele pediu “pelo amor de Deus” para ele parar com as solicitações.
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"Em 2016, um dia na casa dele ele me pediu R$ 5 milhões e eu não dei. Logo depois começou (sic) as investigações contra mim e eu chamei aquele amigo dele, Flávio, e pedi pro Flávio para pedir a ele para, pelo amor de Deus, parar de me pedir dinheiro", disse Batista. Joesley Batista afirmou ter conhecido Aécio Neves em sua campanha eleitoral para presidência em 2014 e que colaborou com dinheiro para tentar eleger Aécio presidente do Brasil. “Fomos o maior doador da campanha dele”.
Foi informado ainda a PGR que após a campanha eleitoral de 2014, o senador afastado devido às acusações, os pedidos continuaram e que uma dessas solicitações envolveu o montante de R$ 17 milhões, que seriam usadas para o pagamento de dívidas da campanha eleitoral do candidato tucano.
"Precisava de R$ 17 milhões e tinha um imóvel que dava para fazer de conta que valia R$ 17 milhões", afirmou Batista ao informar que o próprio Aécio teria indicado o imóvel a ser usado na transação. As informações são do O Dia.
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Outras delações
Sobre a campanha eleitoral de 2014 o diretor Relações Institucionais e Governo da empresa, Ricardo Saud, informou durante seu depoimento que pagou R$ 100 milhões ao candidato tucano custear as despesas de sua campanha e para “comprar” o apoio de partidos políticos para que Aécio Neves fosse eleito presidente.
“O Aécio virou uma sarna em cima do Joesley [dono da JBS ]. Ligava ele, a irmã dele [Andrea Neves], o primo...[ligavam] para o Joesley, para mim […] pedindo propina, dizendo que estavam devendo demais da campanha”, acrescentou Saud.
Segundo Saud, do “crédito de propina aberto para Aécio”, como o executivo identificou os pagamentos, foi repassado por “doações dissimuladas oficiais”, sendo que os R$ 100 milhões foram divididos em: R$ 20 milhões para o PTB. Para o partido Solidariedade o repasse foi no valor de R$ 15 milhões; ao PMN o montante foi de R$ 1,3 milhão e ao PTdoB foi repassado R$ 1 milhão.
Partidos tidos como menores não ficaram de fora do repasse de dinheiro ilegal. O PEN recebeu R$ 500 mil para apoiar Aécio; PNN recebeu R$ 400; PCC levou R$ 400 mil; PTC ficou com R$ 250 mil; PSL embolsou R$ 150 mil; PSC ficou com R$ 100 mil e o PSDC recebeu da JBS R$ 50 mil. Os partidos negam as acusações feitas pelos delatores da empresa de recebimento de doações não oficiais para campanha.
A gravação do depoimento apontou ainda que Aécio Neves pediu R$ 1,5 milhão para beneficiar o diretório estadual do PMDB do Rio Grande do Sul, onde, apesar da aliança nacional do partido com o Partido dos Trabalhadores (PT), a legenda lançou candidato próprio, sendo ele o governador Ivo Sartory. “O Aécio deu R$ 1,5 milhão desse dinheiro de propina para o Sartory, por meio de doação oficial dissimulada”, declarou Saud.
*Com informações da Agência Brasil e do O Dia
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