Plano de Aécio Neves era direcionar as distribuições dos inquéritos da Lava Jato com a ajuda de Alexandre de Moraes
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - 22.3.2017
Plano de Aécio Neves era direcionar as distribuições dos inquéritos da Lava Jato com a ajuda de Alexandre de Moraes

O senador afastado Aécio Neves (PSDB) afirmou em conversa com o empresário Joesley Bastista que havia uma estratégia para impedir o avanço das investigações da Lava Jato contra a classe política. A declaração foi gravada pelo dono da JBS  e consta no inquérito que investiga Aécio, Temer e o deputado afastado Rocha Loures no Supremo Tribunal Federal (STF), divulgado nesta sexta-feira (19).

O plano de Aécio Neves consistia em direcionar as distribuições dos inquéritos para delegados pré-selecionados. "O que vai acontecer agora, vai vir inquérito sobre uma porrada de gente, caralho, eles aqui são tão bunda mole que eles não notaram o cara que vai distribuir os inquéritos para os delegados", diz o senador, referindo-se a Alexandre de Moraes, ex-integrante do PSDB e indicado por Temer para o STF.

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"Você tem lá, sei lá, dois mil delegados da Polícia Federal, aí tem que escolher dez caras. O do Moreira, o que interessa ele, sei lá, vai pro João. O do Aécio vai pro Zé. O outro filho da puta vai pro, foda-se, vai para o Marculino, nem isso conseguiram terminar. Eu, o Alexandre e o Michel", conclui o até então presidente nacional do PSDB, mencionando nominalmente o ministro do STF Alexandre de Moraes e o presidente Michel Temer.

Em nota, a assessoria de Aécio negou que o tucano tenha praticado "qualquer ato que possa ter colocado qualquer empecilho aos avanços da Operação Lava Jato". A equipe do senador explica que ele apenas "emitiu uma opinião em face da demora da conclusão de alguns inquéritos".

"O senador Aécio Neves jamais agiu ou conversou com quem quer que seja no sentido de criar qualquer tipo de empecilho à Operação Lava Jato ou à Polícia Federal, que sempre teve seu trabalho e autonomia apoiados pelo senador em suas agendas legislativas, e também como dirigente partidário", diz o texto enviado pelo tucano.

Chapa Dilma-Temer

Em outro trecho da conversa com o dono da JBS, Aécio relata que o presidente Michel Temer pediu para que ele retirasse a ação movida pelo PSDB  contra a chapa Dilma-Temer na Justiça Eleitoral.

De acordo com o documento entregue ao STF pela Procuradoria-Geral da República, Aécio e Joesley se encontraram em março no Hotel Unique, em São Paulo. Na conversa, os dois discutem a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal naquele mês. Quando o julgamento da ação contra a chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entra na pauta, Aécio relata o pedido que Temer teria feito.

"A Dilma caiu, a ação continuou e ele [Temer] quer que eu retire a ação. Cara, só que se eu retirar... E não estou nem aí, eu não vou perder nada, o Janot assume. O Ministério Público assume essa merda", diz Aécio Neves. A defesa de Temer ainda não se pronunciou até o momento a respeito das novas acusações divulgadas.

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