Delação é o único jeito de Palocci reduzir pena, diz ex-ministro Jaques Wagner

Para o petista, a colaboração premiada "virou a única saída para não ficar preso por muito tempo" no Brasil; Ciro Gomes defende punição aos culpados

Ex-ministro e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner falou sobre a delação premiada em evento na Inglaterra
Foto: Cynthia Vanzella/Brazil Forum
Ex-ministro e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner falou sobre a delação premiada em evento na Inglaterra

O ex-ministro Jaques Wagner (PT) afirmou que a delação premiada é a única maneira de o também ex-ministro Antonio Palocci (PT) reduzir sua pena na Operação Lava Jato. Na semana passada, Palocci sinalizou ao MPF (Ministério Público Federal) sua intenção de fechar esse tipo de acordo .

"No sistema jurídico que vivemos, a delação virou a única saída para não ficar preso por muito tempo”, disse Jaques Wagner ao jornal “ Folha de S.Paulo ”. A declaração foi dada em Oxford, na Inglaterra, onde ocorre o Brazil Forum UK 2017, evento no Reino Unido que reúne autoridades e empresários do Brasil para falar sobre a situação do País aos estudantes brasileiros que moram na Europa.

Apesar da “recomendação”, Jaques Wagner afirmou que, na sua opinião, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, não devem estar preocupados com a possibilidade de Palocci contar o que sabe à Justiça.

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"Eu não sei o que ele vai falar. Se alguém pode estar tenso, é quem teve relacionamento com ele", disse. "É difícil que o Lula tenha preocupação. O Lula e a Dilma ”, disse Wagner ao jornal. Em relação a Lula, o petista, que também é ex-governador da Bahia, avalia que as acusações são “políticas” e que tanto o tríplex no Guarujá quanto o sítio em Atibaia atribuídos ao ex-presidente nunca foram provados pela Justiça.

Ciro Gomes

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) – que também foi ministro no governo Lula – é outro que participou do fórum na Inglaterra. Porém, ao contrário de Wagner, foi mais incisivo ao comentar sobre a possibilidade de pessoas ligadas aos governos petistas serem delatadas por Palocci.

Segundo ele, todos que forem citados devem pagar, independentemente de quem for a pessoa. O ex-governador é cotado como possível candidato à Presidência da República no ano que vem, possibilidade que ganha mais força no caso de Lula ser impedido pela Justiça de participar da corrida eleitoral.

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Por outro lado, Ciro Gomes criticou a maneira como a delação premiada tem sido usada na Lava Jato, que, segundo ele, destrói reputações mesmo sem provas. "Um dos maiores interessados em que a Lava Jato tenha êxito sou eu. Não estou em lista nenhuma", finalizou o político.