O juiz Sergio Moro e o ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo estiveram lado a lado para discutir o tema “Poderes de reequilíbrio: os papéis do Judiciário na democracia brasileira contemporânea”, neste sábado (13), em Londres, para uma plateia de 350 pessoas participantes do Brazil Forum UK.
Realizado na London School of Economics, a mesa de discussão era composta por Moro, Cardozo, Ricardo Villas Bôas Cueva, magistrado e atual ministro do Tribunal de Justiça, e José Alexandre Buaiz, sócio do escritório de advocacia Pinheiro Neto.
Moro foi aplaudido e vaiado no evento composta por brasilianistas e grande parte de estudantes. Condutor dos processos da Lava-Jato e após interrogar o ex-presidente Lula na quarta passada (10), o magistrado diz que o juiz deve cumprir seu papel sem vínculo com as consequências políticas. Moro defendeu que um julgamento deve ser feito com base em provas e na Lei. No caso das prisões preventivas, elas são necessárias apenas em casos considerados excepcionais. O ex-presidente da República é réu no processo que investiga a propriedade do triplex no Guarujá, litoral paulista.
Moro comentou que em casos envolvendo corrupção de agentes políticos do alto escalão sempre possui reflexos políticos. Ressaltou, no entanto, que esses reflexos ocorrem fora da alçada da Justiça.
Já Eduardo Cardozo destacou que o impeachment da presidente Dilma Rousseff foi um golpe sem uma base argumentativa. Para o ex-ministro, o impedimento de Dilma é uma forma de substituir os governos impopulares na América Latina chegando a citar o Brasil como um dos melhores laboratórios por conta da polarização política.
O evento continua neste domingo na Universidade de Oxford com outros painéis que abordam as perspectivas políticas e econômicas como o "Futuro da Política e Democracia Pós-Impeachment e Lava-Jato", em que tem como participantes os políticos Ciro Gomes, Rodrigo Maia, Jacques Vagner e o acadêmico Dr. Timothy J. Power, diretor do programa brasilianista da Universidade de Oxford.