Segundo o MPF, ex-ministro Antonio Palocci atuava para garantir o atendimento dos interesses da Odebrecht
Antonio Cruz/Agência Brasil - 16.11.2010
Segundo o MPF, ex-ministro Antonio Palocci atuava para garantir o atendimento dos interesses da Odebrecht

O ex-ministro Antonio Palocci decidiu negociar um acordo de delação premiada com os procuradores da Operação Lava Jato. No fim da tarde desta sexta-feira (12), o seu advogado de defesa, o criminalista José Roberto Batochio, protocolou uma petição na qual informa o seu afastamento do caso.  

O ex-ministro recontratou os advogados de Curitiba Adriano Bretas e Tracy Reinaldeti, que ficaram responsáveis por fazer as negociações da delação. Réu em dois processos na cidade, Antonio Palocci  já havia sinalizado sua intenção de fazer um acordo de delação  durante seu depoimento ao juiz federal Sérgio Moro .

Segundo as investigações feitas pela Polícia Federal, a Odebrecht tinha uma “verdadeira conta-corrente de propina” com o PT. Para os investigadores, a conta era gerida pelo ex-ministro e os pagamentos a ele eram feitos por meio do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira – responsável pelo pagamento de propina a políticos – em troca de benefícios indevidos no governo federal.

Delações citam o ex-ministro

O empreiteiro Marcelo Odebrecht afirmou , em seu depoimento de delação premiada ao juiz Sérgio Moro, que políticos ligados ao PT tinham à disposição da empresa uma espécie de conta de crédito na qual solicitavam recursos para bancar campanhas eleitorais. Ele cita o repasse de R$ 35 milhões e, depois, de R$ 40 milhões – acrescentando que era comum o pagamento a políticos em caixa dois na empreiteira. Odebrecht afirmou que tratava dos repasses com o ex-ministro Palocci e que determinadas quantias chegaram ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Já Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, contou em depoimento ao juiz Moro que Lula teria encarregado o ex-ministro em 2012 para tratar da propina em contratos com estaleiros que iriam construir sondas para a exploração do pré-sal pela estatal. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto teria consultado Palocci e depois comunicado o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco de que, nesse caso específico, a propina seria repartida na proporção de "um terço para a casa [agentes da estatal] e dois terços para o partido".

Duque afirma que parte dessa propina foi direcionada a Lula. "Os 'dois terços', o Vaccari me informou, iriam para o Partido dos Trabalhadores, para José Dirceu e para Lula, sendo que a parte do Lula seria gerenciada pelo Palocci".

O ex-ministro foi citado também pelo publicitário João Santana, responsável pela campanha à reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. O marqueteiro disse ter ficado claro, em reuniões com Palocci, que o petista tinha conhecimento sobre o uso de recursos de caixa dois na campanha.

De acordo com o texto do anexo 2 da delação de Santana, em que é resumido o teor do depoimento, Palocci foi o responsável por negociar os termos do contrato da Pólis , empresa de marketing do empresário com a esposa, Mônica Moura. “Nestes encontros ficou claro que Lula sabia de todos os detalhes, de todos os pagamentos por fora recebidos pela Pólis, porque Antonio Palocci, então ministro da fazenda, sempre alegava que as decisões definitivas dependiam da ‘palavra final do chefe’”, diz o texto.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!