MPF investiga se Adriana Ancelmo transferiu verba ilegalmente

Adriana Ancelmo diz que transação de R$ 1,2 milhão foi legal e teve respaldo de gerente de conta; segundo ela verba foi gasta com despesas pessoais

Esposa do ex-governador Sergio Cabral, Adriana Ancelmo, terá operação bancária investigada
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil - 10.5.17
Esposa do ex-governador Sergio Cabral, Adriana Ancelmo, terá operação bancária investigada

No interrogatório realizado nesta quarta-feira (10), Adriana Ancelmo, esposa do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, confirmou que transferiu para sua conta-corrente aproximadamente R$ 1,2 milhão gastos em despesas pessoais. Ela alega que a transação foi considerada legal pelo gerente do banco. No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) irá investigar se a ex-primeira-dama do Rio de Janeiro movimentou indevidamente a verba.

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Para o procurador Rodrigo Timoteo, que presenciou o depoimento, que aconteceu na 7º Vara Federal Criminal, presidida pelo juiz Marcelo Bretas, é preciso verificar com o banco Itaú, pelo qual o dinheiro de Adriana Ancelmo foi transferido, para saber mais detalhes da operação.

“Nós vamos solicitar informação para o banco Itaú, que vai esclarecer como tomou essa posição, quem deu essa ordem. Pode ser que houve uma quebra de ordem judicial de bloqueio e, se houve isso, vamos tomar as providências necessárias para poder resgatar esse dinheiro. Isso precisa ser investigado. Dependendo do que for apurado, pode ser solicitado pelo Ministério Público [a regressão do regime]”, disse Timoteo.

Segundo o procurador, dependendo do resultado da apuração, Adriana pode, inclusive, deixar a prisão domiciliar, conquistada desde o fim de março, e retornar para o Complexo Prisional de Gericinó, em Bangu.

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Defesa

Para a acusada, não houve assinatura de procuração. De acordo com ela, sua secretária havia falado por telefone com o gerente da conta sobre a intenção de baixar o dinheiro da aplicação em previdência privada, e foi informado pelo representante do banco que a movimentação era legal, com respaldo da lei.

“Houve a baixa de uma aplicação de previdência. O meu gerente disse que não estavam sujeitas a bloqueio as previdências de meus filhos. Eu preciso me manter, pois não detenho dinheiro em qualquer outro lugar e minha subsistência depende dos valores que estão na minha conta. Eu baixei aplicação da previdência de meu filho, esse valor entrou na minha conta. Estava no meu nome e eles eram os beneficiários. Eu resgatei um desses valores. Foi solicitado pela minha secretária. Eu estava presa”, declarou Adriana.

Questionada pelo juiz Bretas se ainda havia algo deste valor em sua conta, Adriana informou que todo o valor de R$ 1,2 milhão foi completamente gasto em despesas pessoais e que não restou mais nada. “Esse dinheiro foi transferido imediatamente para o pagamento parcial de honorários e para o pagamento de dívidas com funcionários”, informou ela ao final da audiência, que teve uma hora de duração.

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