A fabricante sueca de caças Saab está sendo investigada por supostamente ter usado o Museu do Trabalhador, apelidado de "Museu do Lula", em um esquema de repasses de propina. O museu – que ainda não foi concluído e cujas obras estão paralisadas por ordem judicial – fica na região do Grande ABC, em São Paulo.
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A investigação ocorre porque procuradores federais encontraram planilhas e papéis manuscritos da contabilidade paralela do Museu do Trabalhador que relacionam a Saab ao advogado Edson Asarias, amigo do ex-prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho (PT).
De acordo com uma reportagem publicada pela revista Época nesta sexta-feira (5), a apuração dos investigadores apontam para um suposto pagamento mensal de propina a Asarias, que captaria tais recursos para repassar ao então prefeito Marinho. Parte do dinheiro ilícito teria servido também para financiar o acervo do Museu do Lula.
Nos documentos encontrados, o nome de Saab aparece ao lado do valor de R$ 1,5 milhão e do nome "Edson Azarias", que, para os investigadores, seria Asarias, amigo de Marinho. Além disso, em uma segunda anotação, aparece a sequência de palavras "Caixa - Azarias - Museu - Saab".
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Segundo apuração da revista, notas fiscais confirmam o pagamento de valores em dólar que a Saab emitiu mensalmente em favor de Asarias, entre outubro de 2010 e o início de 2016, como parte de um contrato de marketing. À revista, porém, o advogado confirmou ter feito negócios com a empresa, mas disse que apenas prestou "serviços advocatícios" à Saab. Além disso, Asarias negou qualquer irregularidade.
O outro lado
No dia 18 de abril, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou um depoimento reservado na sede da Procuradoria da República em São Bernardo do Campo em um inquérito que apura o superfaturamento das obras do Museu do Trabalhador.
Questionada a respeito do suposto esquema de propina, a assessoria de Lula disse que o petista foi ouvido "apenas como testemunha" no inquérito e que "prestou os esclarecimentos que lhe foram solicitados pelas autoridades responsáveis".
Na ocasião, o petista alegou que “conhece” a ideia do museu desde 2008, mas que não participou “de nenhuma forma” do projeto de instalação ou do projeto cultural do apelidado Museu do Lula enquanto ainda era presidente, cargo que exerceu até 2010.
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Já a Saab não quis comentar a contratação de Asarias e afirmou que não contribuiu para o Museu do Trabalhador. Em nota, ela afirmou que “não divulga informações sobre parceiros comerciais, devido a razões estratégicas de negócios”. Marinho, por sua vez, recusou ter pedido qualquer dinheiro para financiar o acervo do museu.