Michel Temer (PMDB) afirmou que não tem "nenhuma intenção" de seguir a carreira política após o fim do seu atual mandato como presidente da República. A declaração foi feita durante uma entrevista exclusiva à RedeTV!, que foi transmitida em rede nacional, na noite desta quinta-feira (4).
Sabatinado pelos jornalistas Reinaldo Azevedo, Mariana Godoy e Amanda Klein, que foram ao Palácio do Planalto para gravar a conversa, e também por Boris Casoy, que comandou o programa do estúdio, em São Paulo, Michel Temer falou sobre as reformas trabalhista e da Previdência, a respeito do andamento da Operação Lava Jato e sobre a avaliação popular do seu governo.
Leia também: Entenda os motivos da incrível decisão do STF que soltou José Dirceu
O assunto que abriu a entrevista foi exatamente a impopularidade do governo Temer. Ao ser questionado sobre as recentes pesquisas que apontam insatisfação popular com sua gestão, o presidente foi categórico: "Essas medidas que estou tomando são medidas que visam o futuro. Eu me recuso às medidas populistas", disse.
Temer ainda alegou que, futuramente, as medidas se mostrarão populares. "Eu poderia perfeitamente vir para cá, desfrutar das mordomias da Presidência da República, viajar por todo o mundo como representante do País e deixar que o próximo governo resolva as coisas", falou.
"Ocorre que o próximo governo, se eu não colocar o país nos trilhos, não vai resolver os problemas do País", concluiu. Segundo Temer, o mais importante agora é fortalecer a economia para que a população volte a ficar otimista.
As reformas
Sobre a reforma trabalhista, o presidente classificou como um "mal-entendido" a informação que os trabalhadores perderiam direitos. Ele ainda afirmou que a modernização das leis trabalhistas brasileiras é uma necessidade e um desejo antigo dos governantes anteriores.
"A reforma apenas regulamenta dispositivos constitucionais e não tira nenhum direito, os direitos estão assegurados na Constituição Federal", disse o presidente, sobre a prevalência do acordado entre empregador e trabalhador sobre a lei.
A respeito da reforma da Previdência , que ele classificou como "necessária", Temer foi mais incisivo. "Se nós não fizermos a reforma da Previdência agora, daqui a quatro ou cinco anos será inevitável uma nova reforma e, desta vez, um sacrifício para os aposentados e para os servidores públicos", disse o peemedebista, que completou afirmando que os vozes contra a reforma da Previdência vem de "poderosos" e não de pessoas pobres.
Ao ser questionado se tinha segurança de que teria os votos necessários para a aprovação da reforma, o presidente desconversou e preferiu se ater ao histórico de seu governo, que aprovou todas as medidas importantes para sua gestão até agora
Ainda sobre reformas, Temer afirmou que o governo pretende encerrar o ciclo com mais duas mudanças importantes: as reformas tributária e política. "É necessária uma simplificação, que significa uma desburocratização dos meios de pagamento dos tributos, não exatamente uma reforma tributária", explicou o presidente.
"O Congresso hoje quer muito fazer uma reforma política, creio que esta é fundamental para o País, vamos caminhar para que isso aconteça", disse.
Corrupção e Lava Jato
Outro assunto abordado pelos jornalistas foi a corrupção, em especial a Operação Lava Jato. Temer minimizou as delações e afirmou que nunca sequer lhe foram oferecidas doações por meio de caixa dois.
"As pessoas pensam que quando um delator fala de alguém, pronto, vamos parar o País, porque o delator falou de fulano. Eu dito o seguinte: o delator é alguém que fala de outrem e, quando ele fala de outrem, você precisa fazer uma apuração", analisou o presidente, que afirmou que em caso de qualquer denúncia de alguém de sua gestão, ele promoverá o afastamento imediato.
Leia também: Alvo da Lava Jato tentou usar lei da repatriação para regularizar propina
Sobre as citações de seu próprio nome na Lava Jato, o presidente afirmou que jamais recebeu qualquer doação por meio de caixa dois e que a reunião que teve com um executivo da Odebrecht foi para tratar de uma doação legal.
Ele ainda disse que não teme uma possível delação de Eduardo Cunha. "Não tenho nenhuma preocupação, eu quero que ele seja muito feliz, que ele se defenda o quanto possa. Desejo muitas felicidades a ele e ele terá meios e modos de se defender, não sei quais são, mas eu espero que ele seja feliz judicial e pessoalmente", disse peemedebista.
Fim da vida pública
Quando questionado sobre uma possível aposentadoria após o mandato, Michel Temer foi rápido ao responder que "jamais" iria se aposentar. No entanto, o atual presidente sinalizou que sua vida pública está perto do fim. "Eu não tenho nenhuma intenção de continuar na atividade política, acho que já cumpri meu papel", concluiu Temer.