Operação Lava Jato: juiz federal Sérgio Moro atendeu a um pedido da defesa do ex-ministro Antonio Palocci
Antonio Cruz/Agência Brasil - 2.2.16
Operação Lava Jato: juiz federal Sérgio Moro atendeu a um pedido da defesa do ex-ministro Antonio Palocci

O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, decidiu nesta segunda-feira (24) realizar novo interrogatório com sete executivos da Odebrecht, incluindo o ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht. Todos eles são réus na mesma ação penal que envolve o ex-ministro Antonio Palocci, no âmbito da Operação Lava Jato.

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Os outros executivos da empresa que serão interrogados novamente no âmbito da Operação Lava Jato são Fernando Migliaccio da Silva, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, Luiz Eduardo da Rocha Soares, Marcelo Rodrigues, Olívio Rodrigues Júnior e Rogério Santos de Araújo.

No despacho publicado, Moro ordenou ao Ministério Público Federal (MPF) que juntasse aos autos do processo os depoimentos que estes executivos prestaram no conjunto das delações da Odebrecht, que tiveram o sigilo levantado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) há duas semanas. O requerimento para que tais colaborações fossem incluídas na ação penal foi feito pela defesa de Palocci.

"Permanecem válidos os depoimentos anteriores e os novos interrogatórios versarão apenas sobre eventuais perguntas adicionais", explicou Moro no texto do despacho.

A defesa do ex-ministro havia solicitado, também, a inclusão das delações premiadas dos marqueteiros João Santana e Monica Moura aos autos. O pedido foi negado sob a justificativa de que tais depoimentos ainda não tiveram o sigilo levantado pelo STF.

O novo interrogatório dos sete executivos da Odebrecht foi marcado para a tarde do dia 5 de maio.

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Depoimento de Palocci

O ex-ministro dos governos de Lula e Dilma Antonio Palocci disse em depoimento a Moro na última quinta-feira (20) que nunca pediu doações via caixa dois para campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores (PT).

Em seu depoimento, Palocci contou que foi procurado em períodos eleitorais por tesoureiros do partido, que lhe pediam para conversar com empresários colaboradores das campanhas a fim de conseguir mais doações. “Evidentemente, eu pedia recursos das empresas acreditando que elas iriam tratar isso da melhor maneira possível”, ressaltou.

Apesar desses pedidos, o ex-ministro garantiu a Moro que nunca chegou a operar ou a acompanhar o andamento das contribuições de campanha: “Eu não era tesoureiro, não fazia parte da arrecadação, não acompanhava esse tema”.

Acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter recebido propina para articular contratos entre a Petrobras e o Grupo Odebrecht, o ex-ministro negou que tenha atuado para beneficiar a empreiteira. Ele também disse desconhecer a quem se refere o apelido “italiano”, que aparece nas planilhas de doações da empresa. O MPF afirma que a alcunha se refere ao próprio ex-ministro.

Ao final da audiência, o ex-ministro pediu permissão para fazer um histórico pessoal de modo a contestar as acusações. Neste momento, o ex-ministro dirigiu a palavra diretamente a Moro: “Sei que o senhor é um juiz extremamente rígido, mas o senhor é um juiz justo. O senhor tem dado uma contribuição ao País na medida em que acelera processos, decide com celeridade, e acho que isso é digno de nota. Agora, acho muito importante que a decisão [sobre o processo] seja em cima de fatos justos”.

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O ex-ministro, então, contestou cada uma das acusações do MPF e se colocou à disposição de Moro para apresentar fatos, operações e nomes do interesse da Operação Lava Jato. “Acredito que posso dar um caminho que talvez vá dar um ano de trabalho, mas é um trabalho que faz bem ao Brasil”, afirmou.

* Com informações da Agência Brasil

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