Em audiência realizada em Curitiba (PR) nesta quinta-feira (20), o empresário José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS, afirmou ter sido orientado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a destruir provas que pudessem incriminar o petista. O depoimento foi dado ao juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações penais decorrentes da Operação Lava Jato em primeira instância.
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O depoimento do empreiteiro ocorreu na ação penal sobre a compra de um apartamento tríplex no Guarujá (SP) pelo ex-presidente, fato investigado na Operação Lava Jato. Pinheiro está negociando acordo de delação premiada, mas os termos ainda não foram fechados com a PGR (Procuradoria-Geral da República).
Pinheiro relatou um suposto encontro com Lula , no qual teria sido perguntado pelo ex-presidente se algum pagamento havia sido feito pela OAS ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto no exterior. Na ocasião, o petista teria pedido que destruísse qualquer registro dos pagamentos.
"Eu tive um encontro com o presidente, onde o presidente textualmente fez a seguinte pergunta: 'Léo, você fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?' Eu disse, não, presidente, eu nunca fiz pagamento a essas contas que nós temos com o Vaccari no exterior. 'Como é que você está procedendo os pagamentos para o PT através do João Vaccari? Você tem algum registro de algum encontro de contas de alguma coisa feita com o João Vaccari com vocês? Se tiver, destrua'", teria dito Lula, segundo disse Pinheiro a Moro.
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Ainda durante a audiência, o empresário afirmou que foi orientado pela direção da empreiteira, durante a construção do edifício, que o imóvel era destinado para a família de Lula e confirmou que o tríplex nunca foi colocado à venda pela OAS .
Outro lado
Por meio de nota divulgada à imprensa, a defesa do ex-presidente Lula declarou que Léo Pinheiro contou uma "versão acordada com o MPF [Ministério Público Federal]" para que o seu acordo de delação premiada seja aceito pela força-tarefa da Lava Jato .
"A versão fabricada de Pinheiro foi a ponto de criar um diálogo - não presenciado por ninguém - no qual Lula teria dado a fantasiosa e absurda orientação de destruição de provas sobre contribuições de campanha, tema que o próprio depoente reconheceu não ser objeto das conversas que mantinha com o ex-presidente. É uma tese esdrúxula que já foi veiculada até em um e-mail falso encaminhado ao Instituto Lula que, a despeito de ter sido apresentada ao juízo, não mereceu nenhuma providência", argumentam os advogados.
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De acordo com a defesa, Léo Pinheiro negou durante o depoimento ter entregado as chaves do tríplex e negou que o imóvel tenha sido usado pelo ex-presidente ou por um de seus familiares. "Perguntado sobre diversos aspectos dos três contratos que foram firmados entre a OAS e a Petrobras e que teriam relação com a suposta entrega do apartamento a Lula, Pinheiro não soube responder. Deixou claro estar ali narrando uma história pré-definida com o MPF e incompatível com a verdade dos fatos", concluiu a defesa. A pergunta que motivou as repostas de Léo Pinheiro foi feita pelo próprio advogado de defesa de Lula, Cristiano Zanin. O defensor queria saber se o empreiteiro tinha se reunido alguma vez com Lula.
* Com informações da Agência Brasil