Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro nesta segunda-feira (10), o empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva o nome de sua família, confirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é, de fato, o “amigo”, cujo codinome foi citado em planilhas de propinas pagas pela construtora.
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De acordo com informações publicadas pelo “ Jornal Nacional” , da TV Globo, Marcelo Odebrecht também confirmou em seu depoimento a Moro que o codinome “Italiano”, também citado nas planilhas, refere-se ao ex-ministro Antonio Palocci, que atuou nos governos de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, também do PT. O empresário disse também que o “pós-Itália” é o ex-ministro Guido Mantega.
Ainda segundo o “ Jornal Nacional ”, o empresário afirmou ao juiz, responsável pelas ações decorrentes da Operação Lava Jato em primeira instância, que a empreiteira fez uma doação em 2014 ao Instituto Lula para que fosse adquirido um terreno na zona sul da capital paulista onde seria construída uma nova sede para a entidade. A obra, entretanto, não chegou a ser executada.
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Preso desde 2015 em Curitiba, o empresário citou ainda que Palocci intermediava o pagamento de propinas ao PT em troca de benefícios concedidos pelo governo à companhia. Este foi o primeiro depoimento dele no âmbito da Lava Jato desde a assinatura de acordo de colaboração premiada.
Outros depoimentos
Também ficou frente a frente com Moro o ex-executivo da empreiteira Rogério Santos de Araújo. Os dois são acusados pela força-tarefa de procuradores da Lava Jato de participar de esquema que pagava propina ao Partido dos Trabalhadores por meio do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que também é réu neste processo.
O rol de acusados nesta ação penal inclui ainda o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. A lista é completada por Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci; Eduardo Musa; Fernando Migliaccio; Hilberto Mascarenhas Filho; João Carlos Ferraz; Luiz Eduardo da Rocha Soares; Marcelo Rodrigues e Olívio Rodrigues Júnior.
De acordo com a denúncia do MPF, apresentada à Justiça em novembro do ano passado, a força-tarefa da Lava Jato identificou que, entre 2006 e 2015, Palocci montou um esquema de corrupção envolvendo a empreiteira Odebrecht. O ex-ministro teria agido para garantir os interesses da construtora junto ao governo federal.
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A denúncia sustenta que, em troca da articulação no âmbito do primeiro escalão do governo, Palocci cobrava propina da empresa. O dinheiro ilegal, conforme a acusação, era destinado por Marcelo Odebrecht “majoritariamente” ao PT.