O casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura afirmou nesta terça-feira que receberam recursos não declarados da empreiteira Odebrecht para as campanhas eleitorais dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. A afirmação foi feita em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações penais decorrentes da Operação Lava Jato em primeira instância.
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De acordo com informações publicadas pelo jornal “ Folha de S.Paulo ”, o contato entre João Santana era mediado pelo ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, que está preso em Curitiba – também por envolvimento em irregularidades no âmbito da Lava Jato.
Ainda segundo a “ Folha ”, Mônica Moura declarou que recebeu caixa dois em todas as campanhas que trabalhou e que não acredita que alguma campanha eleitoral no Brasil é feita somente com recursos devidamente contabilizados e informados à Justiça, o “caixa um”. Ela teria dito ainda que, em 2011, a empresa de publicidade que tinha com o marido, a Pólis, recebeu R$ 10 milhões em 2011 da campanha de Dilma. Os valores teriam sido depositados em uma conta bancária no exterior.
Palocci
Nesta terça-feira, o STJ (Superior Tribunal de Justiça), decidiu a prisão de Palocci . Por unanimidade, os ministros da Quinta Turma entenderam que a prisão preventiva de Palocci, decretada por Sérgio Moro , é necessária para garantia da ordem pública e combater o atual quadro de "corrupção sistêmica e serial".
Palocci e mais 14 pessoas são réus em uma ação penal relatada por Moro na 13ª Vara Federal em Curitiba. Todos são acusados dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
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De acordo com a Polícia Federal, a empreiteira Odebrecht tinha uma “verdadeira conta-corrente de propina” com o PT, partido do ex-ministro. Para os investigadores, a conta era gerida por Palocci, e os pagamentos a ele eram feitos por meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – responsável pelo pagamento de propina a políticos – em troca de benefícios indevidos no governo federal.
A defesa de Palocci nega as acusações e sustenta que Sérgio Moro é parcial na condução do processo.
Condenação
O casal foi condenado em fevereiro pelo juiz Moro a oito anos e quatro meses por crimes de lavagem de dinheiro . Na ocasião, também foram condenados o engenheiro Zwi Skornicki, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-gerente geral da área internacional da Petrobras Eduardo Musa e o ex-diretor presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz.
No início deste mês, a PGR (Procuradoria-Geral da República) anunciou que João Santana e Mônica Moura assinaram acordo de delação premiada.
* Com informações da Agência Brasil