A Câmara dos Deputados realiza na tarde desta terça-feira (18) nova tentativa de votar o projeto
que representa um socorro financeiro aos estados endividados. A proposta é capitaneada pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas enfrenta grande resistência até mesmo de parlamentares da base aliada do governo. Por conta dos impasses, a votação do texto no plenário já foi adiada oito vezes somente neste mês.
O projeto em discussão na Câmara prevê, por exemplo, a suspensão de três anos no pagamento das parcelas da dívida de entes federativos com a União em troca de contrapartidas – que são o pivô da discórdia entre os deputados. Entre as exigências previstas estão a venda de empresas públicas, o aumento da contribuição previdenciária de servidores (ativos e aposentados) e o congelamento de salários.
Por se tratar de um Projeto de Lei Complementar (PLP), o texto precisa ser aprovado por, no mínimo, 257 deputados, o chamado quorum qualificado. O projeto foi enviado aos deputados pelo Planalto em fevereiro, após o presidente Michel Temer vetar trechos de uma proposta que havia sido aprovada no fim do ano passado pelos deputados. Com os vetos, o texto acabou se tornando ocioso.
Novo texto
O relator do texto, deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ), reformulou seu parecer para incluir novas emendas na busca de um acordo para a votação da matéria. Entre as mudanças, o relator permite a assinatura de convênios para a prestação de serviços essenciais e para assistência social a pessoas com deficiência, idosos, mulheres e jovens em situação de risco enquanto durar o período da recuperação fiscal.
Pedro Paulo também alterou de 20% para 10% ao ano o percentual de redução das renúncias tributárias instituídas por lei estadual, exigida dos participantes do regime.
No caso da proibição de gastos com publicidade durante a recuperação, o relator ampliou o ról das exceções ao incluir aquelas para educação no trânsito e outras de “demonstrada utilidade pública”. Também poderá haver despesas com publicidade relacionada às áreas de saúde e segurança.
O relator permitiu ainda a celebração de convênios com organizações sociais (OSCs) que impliquem redução de despesa durante a vigência da recuperação fiscal.
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Oposição
Partidos de oposição, no entanto, consideraram as mudanças tímidas e mantiveram o processo de obstrução à matéria, criticando, principalmente, as contrapartidas impostas pelo governo federal aos estados para suspender temporariamente a cobrança da dívida.
O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), propôs uma emenda substitutiva global que permite a renegociação das dívidas de todos os estados e não apenas dos mais endividados – Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais –, como estabelece o substitutivo do relator. Além disso, a emenda de Zarattini retira a maior parte das contrapartidas impostas pelo governo federal, o que aumentou o apoio de outros partidos.
*Com informações da Agência Câmara