O ex-executivo da Odebrecht João Borba Filho afirmou, em depoimento ao Ministério Público Federal, que o atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebeu pessoalmente uma propina de R$ 350 mil em espécie.
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O delator da Odebrecht diz ainda que o repasse foi feito a pedido do ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, que é pai do atual presidente da Câmara. Segundo ele, o recurso seria distribuído para o partido Democratas.
Borba Filho explicou no depoimento que recebeu um pedido para viabilizar um acordo que havia sido feito entre a empreiteira e César Maia. A entrega do dinheiro, porém, deveria ser feita pessoalmente a Rodrigo Maia.
“Eu procurei (o chefe de gabinete) e me disse para eu entregar para Rodrigo Maia, que ia distribuir para o partido. Ele me deu o endereço do Rodrigo Maia e eu levei no endereço e, no dia marcado, entreguei a quantia e vim embora”, disse.
Inquérito contra Maia
O nome de Rodrigo Maia integra a chamada "lista de Fachin", ou seja, o presidente da Câmara passará por um inquérito sobre a Operação Lava Jato.
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Divulgada na última semana, a lista do relator das ações decorrentes da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, inclui ainda nove ministros do presidente Michel Temer e outros 41 deputados.
De acordo com a reportagem a lista inclui, 42 deputados federais, sendo 11 do PT, cinco do DEM, cinco do PP, quatro do PSDB, quatro do PMDB e três do PR. PSD, PRB e PSB têm dois cada, enquanto Solidariedade, PPS, PCdoB e PTB têm um cada.
Além disso, 29 senadores serão investigados. Ou seja, mais de um terço dos senadores em exercício teve pedido de inquérito autorizado por Fachin. Desses, nove são do PMDB, sete do PSDB, quatro do PT, dois do DEM, dois do PSB, dois do PP, um do PSD, um do PTC e uma do PCdoB.
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A lista foi feita com base em depoimentos feitos por 78 executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht em acordos de delação premiada. Entre os crimes apontados pelos colaboradores estão corrupção passiva e ativa, falsidade ideológica, formação de cartel, fraude em licitações e lavagem de dinheiro.