A Polícia Federal e o Ministério Público têm o foco, agora, em comprovar que realmente houve pagamento de caixa 2 e propina em dinheiro vivo, assim como foi relatado por ex-executivos da Odebrecht em delação premiada da empreiteira na Operação Lava Jato. Para tanto, os investigadores devem mapear onde, quando e como ocorreram as entregas de dinheiro em espécie.
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Uma das solicitações da PF nessa nova etapa de investigação da Lava Jato
será o registro de controle de entrada e saída do Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República e onde vive o hoje presidente Michel Temer, no dia 28 de maio de 2014. Na data, teria ocorrido um jantar entre os ministros da Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB) e da Secretaria-Geral Moreira Franco, Temer e Marcelo Odebrecht, que relatou uma doação ao PMDB de R$ 10 milhões em espécie, que foi discutida e decidida durante o encontro.
O pedido faz parte das diligências autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. Outra medida autorizada por ele é a obtenção de registros da presença do ex-diretor da Odebrecht Sérgio Neves, hoje delator na Lava Jato, e de outros funcionários da empreiteira na concessionária de Belo Horizonte, Minas Máquinas, que é ligada ao suposto “operador financeiro do senador Aécio Neves (PSBD-MG)”, em obras da Cidade Administrativa, que abriga a sede do governo mineiro.
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A polícia também deve correr atrás de informações sobre possíveis encontros entre o ex-executivo da Odebrecht Henrique Valladares com o senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA), outro político apontado nas delações de receber propina em dinheiro vivo, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O levantamento realizado pelo jornal “Folha de S. Paulo” aponta que a PF deve cumprir mais de 240 medidas nesta primeira etapa de investigações em torno das propinas e caixa 2 em dinheiro vivo, sem contar com aquelas que se referem a dados telefônicos, fiscais e bancários, que estão mantidos sob sigilo.
Novos depoimentos
Também de acordo com o jornal, ao menos 166 citados nas delações serão intimados a depor a partir da próxima semana. A lista inclui políticos alvos de inquéritos, autoridades não investigadas, além de empresários, operadores e testemunhas. Um dos nomes apontados para depor em breve é o do advogado José Yunes, ex-assessor de Temer e personagem envolvido no episódio dos R$ 10 milhões ao PMDB.
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Também devem depor, novamente, ex-funcionários da empreiteira, que darão mais detalhes sobre os casos delatados. Emílio e Marcelo Odebrecht estão na lista de intimação. Entre os investigados na Operação Lava Jato estão oito ministros, três governadores, 24 senadores e 39 deputados.