As delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht apontam que a empreiteira não realizava somente pagamentos de caixa 2 para campanhas eleitorais dos principais partidos políticos do país. De acordo com os documentos, revelados após a liberação do sigilo dos inquéritos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a empresa também agia durante a tramitação de medidas de seu interesse no Congresso.
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Para aprovar uma medida provisória em 2013, a Odebrecht diz ter pago R$ 7 milhões a parlamentares. Entre os beneficiários, estariam os atuais presidentes das casas do Legislativo, Eunício Oliveira (PMDB-CE, Senado) e Rodrigo Maia (DEM-RJ, Câmara dos Deputados), além dos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR) e do deputado Lúcio Vieira Lima ( PMDB-BA). O texto tratava da redução de cobranças de impostos para o setor químico, beneficiando diretamente a empresa Braskem, do mesmo grupo da empreiteira.
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De acordo com o Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da empresa, não houve contato direto com o presidente do Senado, mas com um suposto intermediário. "A gente recebe uma pessoa e essa pessoa vem falar também desse repasse que estava sendo feito de R$ 2 milhões e pouco", afirmou. "E a gente veio saber que essa pessoa era um preposto do senador Eunício Oliveira. Eu não tratei nada com o senador Eunício Oliveira, assim como não tratei nada com o senador Renan Calheiros, mas há esse direcionamento", afirmou Melo Filho.
Segundo planilhas apresentadas por delatores, Eunício Oliveira teria recebeido mais de R$ 2 milhões, enquanto Rodrigo Maia teria recebido R$ 100 mil. Em nota, Eunício disse que usará seu amplo direito de defesa e que a Justiça brasileira tem maturidade para " separar verdades de mentiras ou versões alternativas". Os demais parlamentares também negaram o recebimento de vantagem indevida.
Pagamentos em campanhas eleitorais
Rodrigo Maia ainda será investigado em outro inquérito. Em delação premiada, o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior, afirmou ter pagado, a pedido do parlamentar, R$ 950 mil para campanhas do partido Democratas em 2008 e 2010. "BJ", como também era conhecido disse que o objetivo da empresa com a doação era manter uma boa relação com Maia e o pai dele, César Maia, ex-prefeito do Rio de Janeiro e atual vereador na cidade.
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"Essas duas pessoas tinham um poder de influência no sistema político do Rio de Janeiro muito grande. Era objetivamente ter uma relação próxima e de confiança com o Rodrigo e o César", explicou. De acordo com o delator, os recursos repassados pela Odebrecht não foram declarados à Justiça, configurando, assim, um esquema de caixa 2. Em sua resposta, Rodrigo Maia afirmou que as acusações são falsas e que confia no arquivamento dos inquéritos. O presidente da Câmara também afirmou confiar na Justiça e na Polícia Federal.
* Com informações da Agência Brasil.