O empresário Marcelo Odebrecht disse, em um dos seus depoimentos de delação premiada, que todos os políticos usam recursos de caixa dois para financiarem suas campanhas. Em um dos depoimentos gravados pela força-tarefa de investigadores da Operação Lava Jato e divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Marcelo disse que está mentindo o político que afirma não ter recebido valores não contabilizados em campanhas eleitorais.
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"Eu não conheço nenhum político no Brasil que tenha conseguido fazer qualquer eleição sem caixa dois. O cara pode até dizer que não sabia, mas recebeu dinheiro do partido que era caixa dois. O político que disser que não recebeu caixa dois está mentindo", afirmou Marcelo Odebrecht .
No mesmo depoimento, Marcelo disse que o repasse via caixa dois era predominante para políticos que tinham bom relacionamento com a empresa. "Todo lugar onde a gente tinha uma relação forte ou uma presença forte, com certeza teve caixa dois", disse no depoimento que integra o inquérito que vai investigar o senador Aécio Neves (PSDB-MG). No total, o ministro Edson Fachin, do STF, autorizou a abertura de 76 inquéritos contra oito ministros, 39 deputados federais, 24 senadores e três governadores.
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Preso preventivamente na Operação Lava Jato desde 2015, Marcelo decidiu delatar o esquema de corrupção em campanhas políticas após ser condenado a 19 anos e quatro meses de prisão em uma das ações a que responde na 13ª Vara Federal em Curitiba, comandada pelo juiz Sérgio Moro. A empreiteira foi uma das maiores doadoras para campanhas eleitorais.
Para evitar reclamações
Em outro techo do depoimento, o empresário disse que nem todos os recursos repassados pela empresa para financiar campanhas de políticos eram caixa dois. Segundo o empresário, muitos candidatos preferem que as doações não sejam contabilizadas para não indicar os valores dos gastos de campanha e para evitar reclamações de partidos que receberam menos doações que outros.
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Ao ser perguntado por Moro por qual motivo eram feitas doações via caixa dois, Marcelo Odebrecht respondeu que os repasses dependem do relacionamento com o político. "Nenhum candidato queria mostrar na sua declaração tudo o que ele gastava. As empresas também não queriam mostrar que apoiaram um candidato mais do que outro. Eu não sei quanto teve de caixa dois para quem, mas eu posso afirmar que, se a gente tinha uma relação diferenciada com determinado político, com certeza ali tem caixa dois", disse.
* Com informações da Agência Brasil