Eike Batista tem pedido de liberdade negado por ministro no STF

Empresário queria se valer de decisão que suspendeu prisão de Flávio Godinho, que também foi preso em desdobramento da Lava Jato no Rio

Preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, empresário Eike Batista não será transferido para prisão reformada
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - 19.8.2010
Preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, empresário Eike Batista não será transferido para prisão reformada

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes negou na noite desta terça-feira (11) recurso que pedia a liberdade do empresário Eike Batista, preso no fim de janeiro na Operação Eficiência , desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro.

No pedido apresentado pelos advogados de Eike Batista ao Supremo, a defesa alegava que o empresário também deveria ser beneficiado pela liminar por meio da qual foi suspensa a ordem de prisão preventiva contra Flávio Godinho, decretada pelo juízo da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

O ministro Gilmar Mendes, no entanto, entendeu que a situação de Eike não é similar à de Flávio Godinho – que é apontado como homem de confiança do empresário.

Eike é acusado por praticar suspostamente atos reiterados de corrupção e lavagem de dinheiro. Godinho, por sua vez, foi denunciado pela suposta prática dos crimes de corrupção ativa e lavagem de ativos envolvendo contratos de obras públicas no Rio de Janeiro, investigação que abrange também o ex-governador Sérgio Cabral. A ordem de prisão de Flávio Godinho foi suspensa pelo ministro Gilmar Mendes no início do mês.

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Negativa

Nesta terça-feira, Gilmar Mendes observou que a extensão da decisão só cabe quando não há motivos relevantes de caráter pessoal distinguindo os casos. Diante disso, o ministro entendeu que a situação de Eike e Flávio não é semelhante, uma vez que o empresário é apontado como o mandatário dos supostos atos de corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução executados por Flávio Godinho.

“Isso indica não apenas maior culpabilidade, mas também perigo maior de reiteração em crimes e atos contrários ao desenvolvimento da instrução”, destacou.

Outro motivo que diferencia a condição dos dois acusados, segundo o relator, diz respeito à suspeita concreta de que Eike teria reiterado atos de corrupção e lavagem de dinheiro, ao contrário de Flávio Godinho, supostamente envolvido em um único ato.  De acordo com o ministro, essa suspeita consta dos decretos das prisões preventivas que concluíram pela presença de indícios de reiteração em práticas delitivas e de pertencimento à organização criminosa por parte do empresário. 

“O acerto ou não da decisão que decretou a prisão preventiva do paciente [Eike] deverá ser discutido nas vias próprias, com ênfase nas circunstâncias pessoais do requerente”, ressaltou Gilmar Mendes.

Eike Batista está preso desde o dia 30 de janeiro no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio. Por não ter concluído o ensino superior, o empresário não será transferido para o presídio reformado  para onde os presos da Lava Jato no RIo serão levados ainda neste mês.