O juiz federal Sérgio Moro negou no fim da tarde desta terça-feira (4) pedido apresentado pela mulher do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), a jornalista Cláudia Cruz. Acusada pela força-tarefa de procuradores da Operação Lava Jato de ter cometido os crimes de lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas, Cláudia queria "uma breve prorrogação da instrução processual" para a tomada de novos depoimentos de o processo entrar em fase sua reta final.
Os advogados que representam a mulher de Eduardo Cunha – condenado na semana passada a 15 anos e 4 meses de prisão – alegavam que os pedidos de cooperação jurídica internacional encaminhados à Singapura e à Suíça estão "muitíssimo próximo de seu cumprimento" e que, por esta razão, seria razoável aguardar que isso se realizasse.
O pedido da defesa de Cláudia Cruz foi apresentado na última quinta-feira (30), um dia após o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba cobrar do Ministério Público Federal a apresentação de suas alegações finais. Após essa etapa, seria aberto um prazo para a apresentação da derradeira peça da defesa da acusada e, após isso, restaria apenas o julgamento de Moro.
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Os advogados Pierpaolo Cruz Bottini e Claudia Vara San Juan Araújo, que representam a mulher de Cunha na ação da Lava Jato, argumentaram que seria necessário tomar o depoimento de três novas testemunhas residentes no exterior.
Uma delas, Chiam Shu Xin Cindy, estaria disposta a depor entre os dias 4 e 5 de maio. Chiam era a secretária da empresa Netherton, sediada no Singapura. A conta da Netherton no banco suíço Merrill Lynch teria sido uma das ferramentas utilizadas por Cláudia Cruz e seu marido para movimentar ativos no exterior.
Ao rejeitar o pedido de extensão do prazo para o encerramento do processo, o juiz Sérgio Moro alegou que "não é certo que a oitiva de testemunha será realizado em até um mês" e acrescentou que alguns dos acusados na ação penal estão presos preventivamente, "urgindo o julgamento".
Ação penal
Além de Cláudia Cruz, figuram como réus nesta ação penal da Lava Jato o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Jorge Zelada, o lobista João Augusto Henriques e o empresário português Idalécio Oliveira.
Cláudia Cruz é acusada de ter se beneficiado de contas mantidas no exterior que eram abastecidas com dinheiro da propina recebida por Eduardo Cunha. A ação é vinculada àquela em que o ex-presidente da Câmara dos Deputados foi condenado na semana passada.