O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta terça-feira (14) em depoimento à Justiça Federal que tenha tentado obstruir as investigações da Operação Lava Jato e disse que se considera "vítima de um massacre". O petista é réu ao lado de José Carlos Bumlai, André Esteves, Delcídio do Amaral e mais três pessoas em ação sobre suposta tentativa de evitar que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró firmasse acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
O depoimento foi prestado pela manhã ao juiz federal Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília . Lula chegou a solicitar que o depoimento fosse prestado por meio de videoconferência, a partir de São Bernardo do Campo, onde mora, mas teve o pedido negado pelo juiz.
O ex-presidente reclamou de reportagens negativas veiculadas pela televisão e daquilo que chamou de "pirotecnia" do Ministério Público, da Polícia Federal e do Judiciário.
"Eu tô cansado de ouvir procurador falando que não tem prova. Só tem convicção. Não sou contra a Lava Jato. Sou contra execrar as pessoas pela imprensa. Juiz, delegado, procurador não devem ficar fazendo pirotecnia com a vida das pessoas. Provem, condenem e ponham na cadeia", disse o líder petista. "Eu vou defender a minha honra, que é a coisa mais importante da minha vida. Eu sou vítima de um massacre."
Perguntado se os fatos presentes na denúncia eram verdadeiros ou falsos, o ex-presidente petista afirmou que são falsos.
"Só tem um brasileiro que pode ter medo de uma delação do Cerveró. Era o Delcídio. Ele sim era próximo dele. Eu nunca fui próximo do Cerveró", afirmou Lula, que garantiu que só via Cerveró em reuniões. "Sobre o Cerveró, eu não o conhecia. Só agora ele ficou famoso. Eu só vi ele em reuniões. Portanto, não tinha nenhum interesse de indicá-lo", disse.
"Depois de presos há alguns dias, as pessoas começam a procurar um jeito de sair da cadeia. Acho que isso que aconteceu com o Delcídio", afirmou Lula.
Como essa ação penal é pública, o depoimento do petista não foi fechado. No entanto, a Justiça Federal do Distrito Federal (DF) resolveu montar um esquema especial para o depoimento, com maior rigor no controle de entrada ao prédio.
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A Polícia Militar do DF decidiu interditar a rua adjacente ao tribunal. A Justiça Federal informou que a medida é para garantir a segurança e evitar manifestações a favor ou contrárias ao ex-presidente, muito próximas ao prédio.
Entenda a denúncia
A denúncia, a primeira em que ele se tornou réu na Lava Jato, foi aceita em julho do ano passado. Todos os réus negam as acusações.
Em novembro de 2015, Delcídio do Amaral foi preso quando era líder do governo de Dilma Rousseff no Congresso, após ser gravado em seu gabinete por Bernardo Cerveró, filho de Nestor. No áudio, o então senador sugere um plano de fuga para o ex-diretor da Petrobras, que iria para o exterior passando pelo Paraguai.
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Na gravação, Delcídio oferece ajuda de R$ 50 mil à família de Cerveró. Para o MPF, o objetivo era impedir que o ex-diretor descrevesse a atuação do então senador, bem como de Lula, André Esteves e Bumlai, no esquema de corrupção na Petrobras.
* Com informações da Agência Brasil.