Pecuarista José Carlos Bumlai já foi condenado a mais de nove anos de prisão em ação penal da Operação Lava Jato
Valter Campanato/Agência Brasil
Pecuarista José Carlos Bumlai já foi condenado a mais de nove anos de prisão em ação penal da Operação Lava Jato

O pecuarista José Carlos Bumlai confirmou nesta sexta-feira (10) que seu filho, Maurício Bumlai, fez dois repasses de R$ 50 mil ao ex-senador Delcídio do Amaral, mas negou que o dinheiro tenha qualquer relação com a compra do silêncio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, que negociava um acordo de delação premiada na Lava Jato  em 2015.

Na ação em que prestou depoimento nesta sexta-feira, Bumlai é réu junto com Delcídio, Lula, o banqueiro André Esteves e mais duas pessoas, todos acusados de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato , ao tentarem impedir que Cerveró assinasse um acordo de delação com a Justiça.

O pecuarista, que já foi condenado a nove anos de prisão na primeira instância  em outro caso relacionado aos crimes de corrupção na Petrobras, cumpre prisão domiciliar em São Paulo. Ele foi interrogado nesta sexta-feira pelo juiz Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília.

Bumlai confirmou que Delcídio de fato falou sobre uma possível delação de Cerveró em uma conversa que teve em 2015 com seu filho, Maurício Bumlai, mas este teria recusado qualquer envolvimento com o assunto.

“Ele [Maurício] falou não, que ele não ia fazer isso, porque não tínhamos nada a ver com Nestor Cerveró. Depois ele [Delcídio] voltou e pediu ajuda em caráter pessoal. Para manter o padrão de vida que ele tem, não era com salário de senador”, disse o pecuarista.

“Inicialmente o pedido foi de R$ 50 mil , ele [Maurício] deu. Aí teve um segundo pedido de mais R$ 50 mil e ele deu também, e é só”, afirmou Bumlai, reiterando que as quantias teriam sido entregues por seu filho somente para manter uma boa relação com o então senador, cujo poder poderia prejudicar os negócios dos Bumlai.

O pecuarista negou qualquer envolvimento com Cerveró, com quem não tinha nenhuma relação antes do ex-diretor ser preso, em 2015. Os dois dividiram uma cela por quase um ano na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. “Se eu tivesse que pedir alguma coisa teria pedido ali”, disse Bumlai, que classificou a acusação de "absolutamente mentirosa".

À época dos repasses, em 2015, Delcídio chegou a ser preso em pleno exercício do cargo de senador , acusado de tentar montar um esquema para impedir a delação premiada de Cerveró. Ao Conselho de Ética do Senado, no processo que resultaria na cassação de seu mandato, ele disse ter encaminhado R$ 250 mil dados por Bumlai para o ex-diretor da Petrobras a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Ajuda à família"

Em depoimento anterior no mesmo caso, Bernardo Cerveró, filho de Nestor, admitiu ter recebido dois repasses de R$ 50 mil de Delcídio, a título de “ajuda à família”. Segundo ele, o então senador chegou a pedir para que seu pai não celebrasse acordo de delação premiada.

Na próxima terça-feira (14), às 10h está marcado o depoimento de Lula no caso. O advogado do ex-presidente confirmou que ele comparecerá à audiência. 

*Com informações e reportagem da Agência Brasil

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