A defesa da ex-presidente Dilma Rousseff rebateu as informações vazadas do depoimento prestado pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht à Justiça Eleitoral nesta quarta-feira (1ª).
Em nota divulgada nesta manhã (2), os advogados de Dilma negaram que a petista tenha pedido recursos ao herdeiro da maior construtora do País e condenaram a divulgação "seletiva" de trechos da oitiva de Marcelo Odebrecht, que teve o sigilo determinado pelo ministro Herman Benjamin , relator da ação contra a chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"É mentirosa a informação de que Dilma Rousseff teria pedido recursos ao senhor Marcelo Odebrecht ou a quaisquer empresários, ou mesmo autorizado pagamentos a prestadores de serviços fora do País, ou por meio de caixa dois, durante as campanhas presidenciais de 2010 e 2014", alega a nota.
Segundo reportagem do jornal O Estado de São Paulo
, o empreiteiro informou à Justiça Eleitoral que houve irregularidades em "4/5 dos R$ 150 milhões" que a construtora doou para a campanha que reelegeu a petista em 2014.
Ao criticar o vazamento de trechos do depoimento de Marcelo Odebrecht, a defesa da petista diz "estranhar" que isso ocorra "justamente quando vêm à tona novas suspeitas" contra Temer e seus aliados. A afirmação faz referência às informações prestadas pelo ex-assessor do peemedebista José Yunes, que revelou na semana passada ter recebido um "pacote" em seu escritório a pedido de Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil de Temer. O pacote teria sido posteriormente retirado pelo lobista Lúcio Funaro, apontado como operador de Eduardo Cunha no esquema de corrupção na Petrobras.
"Também não é verdade que Dilma tenha indicado o ex-ministro Guido Mantega como seu representante junto a qualquer empresa tendo como objetivo a arrecadação financeira para as campanhas presidenciais. Nas duas eleições, foram designados tesoureiros, de acordo com a legislação", acrescentam os advogados.
Guido Mantega foi apontado por Marcelo Odebrecht como o responsável pelo acerto de valores de doações para a campanha, segundo informa reportagem do jornal Folha de S.Paulo .
"A insistência em impor à ex-presidenta uma conduta suspeita ou lesiva à democracia ou ao processo eleitoral é um insulto à sua honestidade e um despropósito a quem quer conhecer a verdade sobre os fatos", conclui a nota.
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Ação
Ainda nesta quinta-feira, mais dois ex-executivos da Odebrecht prestam depoimento no âmbito da ação contra a chapa Dilma-Temer. Benedicto Júnior e Fernando Reis serão ouvidos no fim da tarde na sede do Tribunal Regional Federal do Rio de Janeiro (TRF-RJ).
A ação que pode resultar na cassação do mandato de Michel Temer e na inelegibilidade de Dilma Rousseff é movida pelo PSDB e pela Coligação Muda Brasil, que apontam suposto abuso de poder político e econômico na eleição à Presidência realizada em 2014.