Para Romero Jucá, revisão do foro privilegiado deve atingir os Três Poderes

Líder do governo no Senado criou polêmica ao dizer que alteração na lei não pode ser uma "suruba selecionada"; ele é citado em ações da Lava Jato

Em entrevista, senador Romero Jucá disse que o foro privilegiado não pode ser 'suruba selecionada'
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado - 20.2.2017
Em entrevista, senador Romero Jucá disse que o foro privilegiado não pode ser 'suruba selecionada'

Após dizer que o foro privilegiado não pode ser uma “suruba selecionada”, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, afirmou nesta segunda-feira (21) que a revisão de prerrogativa para que parlamentares, ministros e magistrados sejam julgados pelo STF (Supremo Tribunal Federal)  tem de valer para todos os beneficiados por essa possibilidade, e não apenas para os políticos.

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“Os poderes são equânimes, independentes entre si e têm os mesmos direitos, é o equilíbrio da Constituição. Então, qualquer ajuste do foro privilegiado, eu entendo que tem que valer para os Três Poderes. E, é claro, dentro da característica de cada poder”, afirmou Romero Jucá após repercussão polêmica de uma declaração dada a um repórter do jornal “O Estado de S.Paulo” sobre o tema, em que disse que o foro privilegiado não pode ser "suruba selecionada". Ele explicou hoje que a frase foi dada em uma conversa particular, que fez referência a uma música da banda Mamonas Assassinas e que não “brincaria” com o assunto publicamente.

“Eu disse que apoiava a discussão proposta pelo ministro Barroso e pelo ministro Fachin [Edson Fachin, do STF ] e disse que o foro privilegiado tem que ser discutido realmente, não tem sentido para o foro privilegiado servir para algumas coisas como quando um parlamentar bate em uma mulher. E depois disso eu conversando com um jornalista amigo até o gabinete e nós fomos brincando. E em determinado momento, ele levantou uma hipótese e eu disse: 'Assim não dá, senão vira igual a música dos Mamonas Assassinas, vira uma suruba portuguesa'. E ele entendeu que era uma declaração oficial, claro que não era, eu não brincaria com uma coisa séria dessa”, declarou.

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O senador se referia, durante a conversa, a uma sugestão apresentada pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso na qual ele defende que o foro por prerrogativa de função seja aplicado somente para casos em que a acusação se dê em razão do exercício do cargo e não para todas as hipóteses. Jucá disse que defendeu a proposta, mas de modo que isso se aplique a todos os cargos que têm foro especial. O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte, também já se manifestou que o foro privilegiado é “incompatível com o princípio republicano”.

Atraso nos julgamentos

O líder do governo , que é investigado na Operação Lava Jato, afirmou ainda que considera um equívoco das pessoas apontarem o foro privilegiado como um instrumento para atrasar o julgamento de ações contra os políticos.

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“O atraso nas votações na questão do foro privilegiado não é culpa do Supremo. O Supremo tem votado quando o processo está instruído. O que acontece é que o processo demora a ser instruído – tem oito, dez, 12 anos processos em investigação. Isso também não pode ocorrer. O Ministério Público e a Polícia Federal têm que apresentar resultado depois de um determinado tempo. Sob pena de quem está sendo investigado, não ter nada contra a pessoa, mas fica a exposição e a citação de que está sendo investigada pelo Ministério Público e pelo Supremo”, finalizou Romero Jucá.


* Com informações da Agência Brasil