Operador de Eduardo Cunha negociou propina com Eike Batista, diz empresário

Em delação premiada, empresário Alexandre Margotto relata acordo entre Lúcio Funaro, Eike e Cunha por investimento do FI-FGTS em obra da LLX

Eduardo Cunha deixou Complexo Médico Penal em Pinhais para acompanhar depoimento de Nelson Bornier nesta terça
Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados - 12.7.16
Eduardo Cunha deixou Complexo Médico Penal em Pinhais para acompanhar depoimento de Nelson Bornier nesta terça

Em depoimento ao Ministério Público Federal, o empresário Alexandre Margotto relatou uma negociação de propina envolvendo o empresário Eike Batista e Lúcio Funaro, apontado como operador do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) em esquema no Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS) .

O depoimento de Margotto foi prestado ao MPF de Brasília e revelado nesta segunda-feira (20) pelo jornal O Estado de São Paulo . O empresário fechou acordo de delação premiada em ação penal que também tem como réus o próprio Eduardo Cunha , Henrique Eduardo Alves, Lúcio Funaro e Fábio Ferreira Cleto.

Segundo o empresário, Funaro e Eike fecharam um acordo, com a anuência de Cunha, para que o FI-FGTS investisse em uma das empresas de Eike em troca do pagamento de propina à dupla. O aporte do fundo de investimento saiu em 2012, quando o FI-FGTS investiu R$ 750 milhões na LLX para as obras no Porto de Açu, no Rio de Janeiro.

De acordo com Margotto, o valor dessa propina teria sido de "um e meio" [milhão de reais].

Cunha responde na ação penal pelos crimes de corrupção ativa passiva, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional. Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, o peemedebista teria cobrado propina de empresas, entre 2011 e 2015 para liberar investimentos feitos com recursos do FI-FGTS.

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Depoimento

Durante a tarde desta terça-feira (21), o ex-presidente da Câmara dos Deputados deixou o Complexo Médico Penal em Pinhais (PR), onde cumpre pena, para acompanhar o depoimento do ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier (PMDB) ao juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Bornier prestou depoimento como testemunha de defesa de Cunha na ação penal da Lava Jato sobre as contas que o ex-deputado mantinha na Suíça e o suposto recebimento de propina na operação de compra de um campo de petróleo pela Petrobras em Benin, na África, em 2011.

Segundo informações do escritório de advocacia que defende Eduardo Cunha no processo, Bornier "confirmou o relacionamento próximo de Cunha e o deputado Fernando Diniz" e também confirmou a Moro um empréstimo de dinheiro que Cunha teria feito a Diniz. Bornier ainda teria "reiterado que a nomeação do ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada não teve nenhuma interferência de Cunha".

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