Aos inocentes que especulam que a políticos e representantes da Polícia Federal e do Ministério da Justiça sentam-se à mesa para tratar do desmonte da Lava Jato: não é assim. Embora a PF negue veementemente, delegados que estavam na operação ficaram estafados. Ocorre quando não se tem a equipe e estrutura necessárias para um trabalho duro.
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Basta conferir a equipe em Curitiba. Delegados reclamavam, sigilosamente, que o Ministério Público Federal tem 14 graduados procuradores na sua força-tarefa. A Polícia Federal contava cinco delegados e poucos agentes de apoio. Agora a equipe será reforçada.
A delegada Erika Marena deixou namorado e família para trás ao ser transferida para Florianópolis. O clima ficou ruim na direção da PF para Marena quando seu nome foi lançado para diretora-geral. Marcio Anselmo foi parar em Vitória como corregedor após atuação brilhante na LJ. Evidente, quem preza pela carreira, não reclama aos holofotes.
Por isso a direção da PF correu para avisar nesta quinta-feira (16) que a Lava Jato terá o orçamento de 2017 integral e nova equipe de apoio que será solicitada – porém aprovada pela direção em Brasília (veja nota oficial abaixo).
Os transferidos
Fato é que nos últimos cinco meses gradativa troca de subordinados dos investigadores, ‘convites’ para direções em superintendências e remanejamentos de delegados.
Márcio Ancelmo, o coordenador, é o último bastião da equipe e foi convidado para ocupar um alto cargo na direção da corporação – estafado, segundo colegas, não quis holofotes e acabou aceitando a Corregedoria da PF na Superintendência de Vitória (ES) – onde Luciano Flores tornou-se o chefão. Flores foi o que conduziu coercitivamente para depor o ex-presidente Lula da Silva.
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Érika Marena, a ex-chefe do grupo – e que deu nome à operação – foi remanejada contra sua vontade para Florianópolis. Também nos últimos meses foram remanejados da equipe os delegados Eduardo Mauat – para Porto Alegre – e Duílio Mocelin.
Dois jovens delegados (abaixo dos 30 anos) e com menos de dois anos de PF entraram na equipe, animados para mostrar trabalho, mas não têm a experiência dos que saíram, segundo colegas e investigadores.
Agora, a bola do jogo continua com a equipe intacta do Ministério Público Federal, sob comando de Deltan Dallagnol – e com a cobrança da sociedade, no esforço da própria direção da PF em manter a clareza no investimento necessário pedido pela equipe que saiu.
A nota oficial da PF
“Em reunião realizada no último dia 15/02, entre o Diretor-Geral da PF, Leandro Daiello Coimbra, o Diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado (DICOR), Maurício Leite Valeixo, o Superintendente Regional da PF no Paraná, Rosalvo Ferreira Franco e o Coordenador Regional Adjunto da Operação Lava Jato, Maurício Moscardi Grillo, temos a destacar:
1. Todo o recurso orçamentário solicitado pela Coordenação Regional da Operação Lava Jato do cronograma de trabalho para o ano de 2017 (diárias e passagens), foi totalmente aprovado e liberado pela Direção-Geral da PF;
2. Ficou acertado que serão encaminhados pela Coordenação Regional da Operação Lava Jato à DICOR/PF, os nomes dos servidores a serem recrutados e empregados nos trabalhos investigativos durante o ano de 2017;
3. Já está acertado e escolhido o nome do Delegado que será removido para o lugar do delegado da PF Márcio Anselmo, cujo nome será oportunamente divulgado;
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A Administração Regional e a Coordenação Regional da Operação Lava Jato ratificam que são totalmente infundadas as notícias de que a Operação Lava Jato no âmbito da Polícia Federal no Paraná sofreu ou sofrerá desmantelamento”.