Os advogados de Cláudia Cruz, mulher do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB), enviaram ao juiz federal Sérgio Moro um pedido para que o ex-parlamentar seja ouvido novamente pelo magistrado – desta vez na ação penal em que a jornalista é ré
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O pedido assinado pelos advogados Pierpaolo Cruz Bottini e Claudia Vara San Juan Araújo foi enviado ao juiz da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba na última sexta-feira (10), três dias após Eduardo Cunha prestar depoimento a Moro.
No documento, os defensores baseiam o pedido no argumento de que o ex-deputado "trouxe à baila fatos que interessam diretamente à defesa da sra. Cláudia, motivo pelo qual se faz imperiosa a sua inquirição na presente ação penal, a fim de que esses patronos possam também inquiri-lo, em homenagem ao contraditório e à ampla defesa". "Dessa forma, requer-se seja designada data para a colheita do depoimento do sr. Cunha também neste processo", escrevem os advogados.
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A jornalista Cláudia Cruz é acusada de ser beneficiária das contas atribuídas a Cunha na Suíça e responde no processo pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Segundo a denúncia apresentada pela força-tarefa de procuradores da Lava Jato, Cláudia tinha "plena consciência dos crimes que praticava" e era a única controladora da conta em nome da offshore Köpek, na Suíça, por meio da qual pagou despesas de cartão de crédito no exterior em montante superior a US$ 1 milhão num prazo de sete anos (de 2008 a 2014).
A mesma conta teria aportado parte da propina de cerca de US$ 1,5 milhões proveniente de uma suposta atuação de Cunha para viabilizar a compra de um campo de petróleo pela Petrobras em Benin, na África, em 2011.
Aneurisma
O ex-presidente da Câmara responsável pela abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff prestou depoimento pela primeira vez ao juiz Sérgio Moro na última terça-feira (7).
Na ocasião, Cunha constestou sua permanência no Complexo Médico Penal de Pinhais, alegando ao magistrado que tem um aneurisma cerebral similar ao que culminou na morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia, no início deste mês, e que a penitenciária onde ele está não dispõe de condições para atendê-lo em caso de uma emergência.
A existência do aneurisma foi comprovada por exames enviados à Justiça Federal pelos advogados de Cunha, (conforme imagem acima). O documento é assinado pelo médico João Pantoja, que defende a "continuada observação e avaliação periódica" do ex-parlamentar.
A defesa de Eduardo Cunha anunciou ainda que iria impetrar um novo pedido de habeas corpus no Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4). Paralelamente a isso, o ex-deputado aguarda ainda o julgamento de um pedido de liberdade que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).