Juiz suspende por liminar a nomeação de Moreira Franco como ministro de Temer

Moreira Franco foi citado em delação premiada na Operação Lava Jato, sendo nomeado ministro por Michel Temer na última semana

Temer dá posse ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, em cerimônia
Foto: Beto Barata/PR
Temer dá posse ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, em cerimônia

O juiz Eduardo Rocha Penteado, da Justiça Federal do Distrito Federal, suspendeu por liminar a nomeação de Moreira Franco como Ministro Chefe da Secretaria-Geral da Presidência. A ação popular, com pedido de medida liminar, foi proposta por três cidadãos e atendida pelo juiz na tarde desta quarta-feira (8), após cinco dias da posse do ministro. 

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Foto: Reprodução
A decisão do juiz da 14ª Vara Federal, de Brasília, tem caráter liminar provisório

Segundo os autores populares da ação, a nomeação de Moreira Franco por Temer é um “desvio de finalidade e ofensa à moralidade”. Os três cidadãos ainda apontam que o ministro foi nomeado pelo presidente Michel Temer após a homologação da delação premiada da Odebrecht a fim de ganhar foro privilegiado (ou seja, ganhar direito de ser investigado apenas no Supremo Tribunal Federal). 

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Na decisão, o juiz Eduardo Rocha Penteado cita a jurisprudência existente sobre Luiz Inácio Lula da Silva, impedido de assumir o cargo de ministro de Dilma Rousseff por Gilmar Mendes. 

"No Mandado de Segurança nº 34.070/DF, o Ministro Gilmar Mendes reconheceu que consubstancia desvio de finalidade o ato do Presidente da República que nomeia Ministro de Estado com o propósito de conferir a este foro por prerrogativa de função. Tratava-se, no caso, da nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de Chefe da Casa Civil, à época realizado pela Ex-Presidente Dilma Rousseff", escreveu o juiz.

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A decisão de suspender a nomeação de Moreira Franco nesta quarta-feira, na 14ª Vara Federal de Brasília, tem caráter liminar provisório e pode ser revertida por recurso pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

Nomeação polêmica

Após a cerimônia em que tomou posse da Secretaria-Geral da República no dia 3 de fevereiro, o ministro empossado negou que o status tenha sido dado a ele para que tivesse a prerrogativa de foro privilegiado. 

Moreira é citado na delação premiada do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que o acusou de ter recebido dinheiro para defender os interesses da empreiteira. Como ministro, ele só pode ser investigado com o aval do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Questionado se as circunstâncias envolvendo sua nomeação eram semelhantes as da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, durante o governo Dilma, Moreira Franco disse que sua situação é diferente, por já fazer parte da equipe do presidente Michel Temer, e negou que tenha solicitado a nomeação.