
Uma força-tarefa liderada pela Polícia Federal da Bahia deflagrou nesta terça-feira (21) uma operação para desmantelar uma organização criminosa composta por vários policiais militares dos estados da Bahia e Pernambuco, além de CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores) e comerciantes de armas e munições.
Segundo a investigação, há um esquema multimilionário de venda ilegal de armas e munições para as maiores facções dos estados da Bahia, Pernambuco e Alagoas - a Justiça baiana expediu 20 mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão nesses três estados.
Até o início desta tarde, 18 pessoas foram presas e uma foi baleada no confronto com as forças de segurança. Diego do Carmo dos Santos foi quem levou o tiro, que aconteceu no bairro São Gonçalo do Retiro, em Salvador.
Segundo as investigações, Diego do Carmo fez 16 encomendas aos investigados, sendo uma por mês, entre fevereiro de 2022 e a última e de junho de 2023.
Grande parte dos artefatos foram desviados por meio de um esquema de fraude de inserção de informações falsas nos sistemas oficiais de controle e fiscalização.
De acordo com o Coaf, um sargento da PM de Petrolina (PE) movimentou cerca de R$ 2,1 milhões em pouco mais de seis meses entre os anos de 2021 e 2023, o que é totalmente incompatível com os rendimentos de sargento da Polícia Militar, segundo as investigações.
Este mesmo sargento comandava o grupo, que chegava a vender cerca de 20 armas de fogo por mês.
Durante a operação, a Justiça determinou o sequestro de bens e bloqueio de valores de até R$ 10 milhões dos envolvidos, além da suspensão da atividade econômica de três lojas de venda de material bélico.
A operação foi promovida por 300 Policiais Federais, grupos táticos da Polícia Militar da Bahia, Polícia Militar de Pernambuco, além de promotores do Gaeco da Bahia e de Pernambuco, e membros do Exército.
Ainda, as investigações apontam que os armamentos eram utilizados para assalto a carros fortes e instituições financeiras, bem como em operações conhecidas como domínio de cidades, uma modalidade chamada de novo cangaço.
Falsificação
Segundo a investigação, uma prática comum da organização envolvia a falsificação de Certificados de Registro de Arma de Fogo (CRAFs) para adquirir armamentos em lojas regulamentadas.
Um dos investigados, segundo a PF, agia junto com sua companheira e era responsável pelo envio de armas de fogo para as cidades de Eunápolis (BA), Porto Seguro (BA) e Juazeiro (BA). Ele realizou 25 transações via PIX, totalizando R$ 77.150,00, enquanto sua companheira transferiu R$ 108.910,00 em apenas 65 dias para um comerciante de armas.
Um relatório do COAF aponta que um policial militar investigado movimentou R$ 2,7 milhões. A quebra de sigilo de dados telemáticos revela que ele comprou armas e munições em Salvador.
Ainda, o proprietário da loja bélica Comercial Taurus, em Arapiraca (AL), recebeu cerca de R$ 700 mil em um ano de um dos investigados pelo tráfico de armas. Segundo a operação, há três anos o empresário realiza a compra ilegal de munição.
De acordo com a decisão da Justiça, as lojas envolvidas tiveram suspensão das atividades econômicas, porque os estabelecimentos, "por meio de prepostos e sócios, facilitaram sobremaneira a circulação de armas e munições ilegais com inserção de dados fictícios referentes aos respectivos compradores".
*Com informações do g1.
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