Preso sob a acusação de ter feito seus seguidores morrerem de fome no Quênia, após instaurar um jejum extremo aos fiéis, o pastor cristão e ex-taxista Paul Mackenzie Nthenge fundou a Igreja Internacional das Boas Novas em 2003, em que estabeleceu uma seita religiosa “para encontrar Jesus”. Buscas foram iniciadas no início de 2023 para localizar o corpo de duas crianças que teriam feito “jejum até a morte”, dando início a uma série de investigações. Nessa segunda-feira (17), mais 12 corpos foram encontrados na floresta de Shakahola, totalizando, até o momento, 403 mortos.
Além de incentivar fiéis a cometerem atos radicais “pela fé”, Mackenzie foi preso duas vezes por "radicalização", ao ter promovido a não escolarização de crianças, afirmando que a educação não era reconhecida pela Bíblia. Ele se entregou à polícia na noite de 14 de abril, e segue preso desde então, devendo responder pelo crime de “terrorismo”.
A igreja criada por ele estava em várias regiões do Quênia, difundidas pelo que o pastor chamava de “mensagem dos últimos tempos”. Segundo o ministro do Interior do Quênia, Kithure Kindiki, as forças de segurança e a Justiça do país foram negligentes ao não tomarem as medidas adequadas em resposta às denúncias anteriores contra o pastor.
Grande parte da pregação de Mackenzie relacionava-se com o cumprimento das profecias bíblicas sobre o Dia do Julgamento, e repetidamente havia referências à “Nova Ordem Mundial”, visíveis em vídeos de suas pregações no YouTube. As pessoas foram guiadas à floresta de Shakahola, onde os membros da seita passaram a morar – e onde a igreja foi inicialmente fundada –, acreditando que o lugar tratava-se de um santuário de um apocalipse que estava prestes a acontecer. Teorias conspiratórias sobre uma força satânica infiltrada em altos escalões do poder em todo o mundo também faziam parte dos seus ensinamentos.