O sargento do Corpo de Bombeiros Paulo César de Souza Albuquerque pediu a absolvição no processo que responde por tentativa de homicídio contra o atendente Mateus Domingues Carvalho, em uma lanchonete na Estrada dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, na madrugada de 9 de maio. Na resposta a acusação, ele alega excludente de culpabilidade em razão de embriaguez completa: o militar, que está preso preventivamente pelo crime, afirma que, antes de atirar na vítima, ingeriu bebida alcoólica e o efeito foi potencializado por remédios para tratar transtornos psicológicos, que vinha utilizando após o término do casamento. Imagens de câmeras de segurança o flagraram invadindo o estabelecimento, desferindo socos, e, com uma pistola em punho, disparando no jovem.
No documento, assinado pelos advogados Sandro Figueredo e Arthur Ribeiro e ao qual O GLOBO teve acesso, é narrado que Paulo César se dirigiu ao drive-thru da lanchonete a fim de comprar um lanche, por volta de 2h: “Ocorre que, ao realizar seu pedido, o acusado e a suposta vítima iniciaram uma discussão. Após a suposta vítima proferir ofensas a honra do acusado, este saiu de seu carro e, com o intuito de lesionar, desferiu um tapa no peito da suposta vítima. Tapa este respondido por um soco no rosto do acusado, conforme exame de corpo de delito do acusado. Sendo certo que tanto o acusado quanto a suposta vítima entraram em vias de fato”, escrevem.
“Cabe esclarecer que após ambos entrarem em vias de fato, o acusado ingressou no interior da lanchonete, com o intuito de tirar satisfação com a suposta vítima, tendo em vista que não é uma prática comum um funcionário agredir os clientes com palavras. Ao se aproximar da suposta vítima, foi recebido de surpresa com outro soco no rosto, momento proferiu o disparo, sem haver o dolo de ferir a integridade física da suposta vítima. Todavia, não há o que se falar em vontade de lesionar, tendo em vista que o acusado somente sacou a arma para que não sofresse retaliação do segurança da loja”, afirmam os advogados.
Nos vídeos, gravados por três ângulos, Paulo César aparece saindo do carro, um Mercedes Benz, e iniciando a discussão com Matheus. De acordo com testemunhas, a briga se deu por causa na utilização de um cupom de desconto na compra que fizera no estabelecimento. O sargento teria feito o pedido do lanche, mas só no fim disse ter um cupom de desconto, o que levou o atendente a negar a aplicação do abatimento no valor.
Do lado de fora do Mc Donalds, o sargento dá um soco no atendente, que estava dentro da cabine. Acompanhado por pelo menos um homem, ele se dirige para a lanchonete, entra na cozinha e segue em direção a Mateus. Rapidamente, ele saca uma pistola da cintura e atira no jovem, que cai no chão. Funcionários parecem se assustar com o barulho do tiro e saem correndo pela loja. Paulo César chega a exibir a arma em outro momento para outra pessoa que parece trabalhar como segurança do estabelecimento.
Na representação pela prisão temporária de Paulo César, horas após o crime, o delegado Angelo José Lages Machado, da 32ª DP (Taquara) afirmou ser imprescindível a obtenção do mandado para o prosseguimento do inquérito, visto que foram feitas diligências em possíveis endereços de Paulo César de Souza Albuquerque e o mesmo não havia sido localizado, naquela ocasião. “Trata-se de crime hediondo praticado por agente do Estado que estava portando uma arma ilegal e que não se apresentou após o fato ou mesmo foi possível encontrá-lo em endereços cadastrados, sendo imprescindível a medida cautelar de exceção para o avanço das investigações”, disse.
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