Após a dona de casa Valquíria Nascimento dos Santos, mãe do cantor Kevin Nascimento Bueno, o MC Kevin, solicitar a juíza Elizabeth Machado Louro, do II Tribunal do Júri, a retomada das investigações sobre a morte do filho, o promotor Marcos Kac, da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Zona Sul e Barra da Tijuca, insistiu no arquivamento do inquérito. Em nova manifestação sobre o caso, o membro do Ministério Público rebateu os argumentos dela, como o de que houve contradições em depoimentos prestados por amigos de funkeiro e o da necessidade de novas diligências, como uma reprodução simulada e perícia nos celulares apreendidos com o grupo.
No documento, assinado por Marcos Kac no último dia 25 e ao qual O GLOBO teve acesso, o promotor explica, por exemplo, que os termos de declarações dos também funkeiros Victor Elias Fontenelle, o MC VK, e Jhonatas Augusto Cruz e da modelo fitness Bianca Dominguez "estão em concordância com a trajetória realizada pelo corpo de Kevin durante a queda". No laudo produzido por profissionais do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), a conclusão é que a queda do artista da varanda de um hotel na Zona Oeste do Rio, em maio do ano passado
, "realmente não foi paralela à fachada do prédio, podendo ser motivada por algum tipo de impulso", conforme eles relataram na 16ª DP (Barra da Tijuca).
Marcos Kac pontua ainda que, como consta ainda no laudo feito interior do quarto, foram encontradas garrafas de bebidas alcóolicas e energéticos, conforme também fora mencionado nos depoimentos das testemunhas, e ainda não foram localizadas substâncias entorpecentes tampouco indícios de que tenha havido briga ou outro tipo de ação violenta na suíte 502 do estabelecimento, naquela tarde.
O promotor também salienta que não foram necessárias acareações entre as testemunhas, como foi pedido pela mãe de Kevin, justamente porque tanto ele, tanto o delegado Leandro Gontijo, titular da 16.ª DP e responsável pelo relatório final do inquérito, entenderam que os depoimentos prestados "são coerentes, harmônicos entre si e encontram respaldo nos elementos técnicos produzidos". A mesma alegação ele utiliza para rechaçar a solicitação por uma reprodução simulada.
Em fevereiro, Marcos Kac já havia se manifestado pelo arquivamento do inquérito por entender que as investigações mostraram haver culpa exclusiva de MC Kevin, que estava sob efeito de álcool e drogas quando caiu da sacada. O promotor pontuou, na ocasião, que o funkeiro "após a notícia de que sua noiva (a advogada Deolane Bezerra) estaria lhe procurando, teria se dirigido à sacada do quarto de hotel, ultrapassado o guarda corpo da varanda, dependurando-se neste e ao dar um impulso com seu corpo sofreu a queda".
"Diante disto, nada mais justifica a mobilização da polícia judiciária na instrução deste procedimento inquisitorial", escreveu, seguindo a conclusão do delegado Leandro Gontijo, que já havia relatado o inquérito sugerindo seu arquivamento, em novembro do ano passado.
No pedido de habilitação para assistente de acusação e para o não arquivamento do inquérito, assinado pela advogada Flávia Fróes, Valquíria afirmou que depoimentos colhidos das testemunhas eram conflitantes entre si, "não oferecendo coerência suficiente para se poder deduzir, de forma racional e técnico científica, conclusões que se sustentem acima de dúvidas razoáveis" e alegou ser "precipitado e bem pouco deferente a ciência forense" o encerramento das investigações.
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