Em uma cerimônia pequena, com apenas oito pessoas, parentes da cabeleireira Gabrielle Ferreira da Cunha, de 41 anos, participaram do velório no Cemitério São Francisco Xavier, na Zona Portuária do Rio. A moradora da Chatuba foi baleada e morreu, na manhã de terça-feira (24), quando era realizada a operação conjunta da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal na Vila Cruzeiro, na Penha. Segundo a PM, Gabrielle foi atingida por um tiro de longo alcance. A região onde ela estava não era alvo da ação policial.
Durante o velório, a mãe da cabeleireira chorava o tempo todo, abraçada ao neto, o único filho de Gabrielle, um estudante de 17 anos.
"Deus, receba a minha filha em bom lugar", disse a dona de casa Divone Ferreira da Cunha, de 72 anos, que, abalada, questionou: "Por que fizeram isso com a minha filha? Por quê? Eu te amo muito."
Divone contou que estava em casa com o neto, quando receberam a informação que sua filha havia sido baleada. Ela falou que a cabeleireira era "uma pessoa de bem com a vida".
"Eu estava em Petrópolis. A minha filha morava nesse lugar com o filho dela. Mandaram uma mensagem para ele. Não quero saber de onde veio a bala. O que não deveria acontecer, aconteceu, que foi a minha filha morrer. Agora, estou aqui enterrando ela", desabafou a dona de casa.
Segundo a família, Gabrielle estava no Rio há 18 anos. Ela se mudou de Petrópolis para o Rio ao engravidar do único filho para buscar por melhores condições de vida. A arquiteta Monique Ferreira da Cunha, de 42 anos, lembra que as duas brincavam de casinha na infância e que a prima sempre morou na Penha.
"[Ela era uma pessoa] sonhadora, do bem. Ela queria montar um negócio. Ela sempre falava como empresária", contou Monique, que completou: "Ela gostava de morar na Penha. Ela não via perigo, até porque sempre morou no centro da Penha. Ela morava na Chatuba há pouco tempo. Só foi para a comunidade porque teve dificuldades financeiras durante a pandemia."
Gabrielle e o filho moravam na comunidade há poucos meses. Um dia antes da operação, o jovem viajou para Petrópolis e dormiu na casa da avó. Ainda no início da ação, ela foi ferida ao ser atingida por um tiro de longo alcance, de acordo com a PM. A operação não ocorria na Chatuba, mas nas proximidades, na Vila Cruzeiro.
"Eu comecei a ver na televisão o que estava acontecendo e liguei para o filho dela. Fiquei muito preocupada porque ele não atendeu. Em seguida, ele retornou e disse que não estava em casa. Começamos a ligar para ela, e nada. Foi aí que notamos que poderia ser ela. A minha tia foi até o Rio e reconheceu o corpo", afirmou Monique.
"A minha filha era uma pessoa autêntica. Não deixava de resolver seus problemas. Uma pessoa que não negava a cor. Ela tinha sangue de baiana. Pessoa amorosa, alegre, feliz".
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