Polícia prende suspeitos de matar criança que teve corpo 100% queimado
Parentes e líder espiritual foram presos temporariamente por suposto ritual; delegado classificou o crime como 'espetáculo de horror'
As investigações da morte de Maria Fernanda Camargo, de 5 anos, tiveram uma reviravolta nesta quarta-feira. A Polícia Civil de Frutal, em Minas Gerais, prendeu a mãe, a tia e os avós da menina, que morreu após ter quase 100% de seu corpo queimado, no dia 24 de março. Os parentes de Maria Fernanda são suspeitos de envolvimento na morte da menina em um suposto ritual de 'evocação e incorporação de espíritos', segundo a Polícia Civil. O líder espiritual que teria conduzido o ritual também foi preso.
Segundo a polícia, durante o ritual, jogaram ervas e álcool no corpo da vítima. Posteriormente, o líder espiritual ateou fogo na menina com uma vela, fazendo com que Maria Fernanda tivesse quase 100% do corpo queimado. Os familiares da criança teriam ficado com queimaduras ao tentar apagar o fogo, que teria sido contido após cerca de 3 minutos.
A primeira versão apresentada pelos envolvidos era a de que a menina teria sofrido as queimaduras em um acidente doméstico, na churrasqueira da casa dos avós.
De acordo com o delegado Murilo Antonini, a participação dos familiares da vítima é investigada como um possível caso de homicídio com dolo eventual, que ocorre quando os agentes do crime assumem os riscos de cometê-lo através de suas ações.
"O dolo eventual deles é no sentido de que tinham o dever de agir. Eles ficaram passivos vendo aquele espetáculo de horror", diz o delegado.
Já a participação do líder espiritual está sendo entendida pela Polícia Civil como um caso de homicidio doloso. No depoimento prestado nesta quarta-feira, o homem disse não se recordar dos momentos que antecederam a morte da menina.
"É impossível um homem médio achar que o alcool em contato com uma vela acessa não vai sofrer combustão. A motivação dele não sabemos", afirmou ainda Antonini, antes de apontar que novos fatos podem alterar a linha de investigação da polícia.
O ritual teria sido feito pela família como uma tentativa de curar a menina, que teria constantes episódios de febre e dor de garganta.
As prisões desta quarta-feira foram temporárias e tem um prazo de 30 dias, podendo ser prorrogadas por mais 30 ou convertidas em prisão preventiva. Ainda no âmbito da operação, batizada de 'Incorporação da Verdade', dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos e celulares e documentos apreendidos.
De acordo com o delegado Antonini, nos próximos dias novas testemunhas deverão ser ouvidas. Entre elas, mais uma pessoa que estaria presente no dia da morte da criança e que atuava como auxiliar do líder espiritual:
"Vamos fazer a reconstituição dos fatos. Será muito importante para delinear a dinâmica do que aconteceu."
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