Dias após o assassinato de Durval Teófilo, morto por um sargento da Marinha em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio , a família diz sofrer intimidações em uma tentativa de abafar o caso. O GLOBO apurou que as ameaças sofridas pela família são "veladas" e teriam partido de vizinhos e conhecidos do autor do crime. Ao menos, dois comentários colocaram em dúvida a segurança de Luizane e sua filha. Temendo por sua integridade, a família deixou o condomínio. A viúva, Luizane Teófilo, explica que o advogado da família, que também é assistente de acusação no caso, acompanha as tentativas de intimidações.
A viúva e a filha não estão morando no condomínio em que Durval foi assassinado, mas a família teme por sua segurança.
"Não adianta me coagir, eu não sou amiguinha da família dele nem sei quem são ou quero saber. Não estou aqui por fama ou para ganhar likes. Eu perdi meu melhor amigo", diz Luiziane.
A família participa, nesta segunda-feira, de uma reunião com duas Comissões da Assembleia Legislativa do Rio. Os deputados estaduais Dani Monteiro (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos, e Carlos Minc (PSB), presidente da Comissão de Combate ao Racismo, recebem os familiares e seus advogados. Os parlamentares prestam auxílio jurídico e dizem que irão cobrar um posicionamento oficial da Marinha sobre o caso:
"Até o momento, ninguém veio pedir perdão. O que eu mais quero é Justiça, não apenas paras os negros e por Durval, mas também pela minha filha. Todo o tempo ela pergunta se o papai vai voltar ", desabafa Luizane, emocionada.
Racismo a caso Moïse
A família credita o crime principalmente ao racismo. Luizane lembra que, dias antes da morte, ela e Durval conversaram sobre uma outra morte brutal no Rio: do congolês Moïse, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio .
"Eu não aceitei, não vou aceitar e não irei ficar calada. Se aconteceu isso com meu marido, pode acontecer com o restante da família", ressaltou.
'Quando o papai vai levantar da caminha?', perguntou a filha após o velório
Com apenas 6 anos, a filha do casal aos poucos começa a entender o que ocorreu com seu pai. Muito emocionada, Luizane conta que a filha era muito ligada ao pai.
"Todo santo dia ela vem me perguntar quando 'meu pai vai levantar da caminha', que é o caixão. É horrível, gente. Eles eram muito ligados. Tenho uma criança sonhando com a volta do pai", diz.