Bernardo Bello pede autorização da Justiça para se entregar no Brasil
Ex-presidente da Unidos de Vila Isabel foi preso em Bogotá, na Colômbia
A defesa do ex-presidente da Unidos de Vila Isabel Bernardo Bello, preso neste sábado em Bogotá, na Colômbia, entrou com um habeas corpus no plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio, no início da tarde deste domingo, para que ele seja autorizado a ser solto e se entregar no Brasil.
Na fundamentação do pedido, o argumento é de que a extradição de Bello poderia levar muito tempo em decorrência de trâmites burocráticos e sugere que ele possa embarcar com destino a território brasileiro, onde se apresentaria à Justiça no desembarque.
Bello é acusado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) e pela Polícia Civil de ser o mandante da morte do contraventor Alcebíades Paes Garcia, o Bid, em 25 de fevereiro de 2020, quando ele chegava em sua casa, na Barra da Tijuca, após o desfile do Grupo Especial na Marquês de Sapucaí.
Bernardo Bello foi preso numa ação conjunta da Delegacia de Homicídios da Capital da Polícia Civil fluminense, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ e da Interpol.
Também foram presos no sábado outros dois suspeitos da morte de Bid: Thyago Ivan da Silva e Carlos Diego da Costa Cabral, que faziam a segurança da vítima na época do crime. Integrantes do Escritório do Crime, Leonardo Gouvêa da Silva, Mad, e seu irmão, Leandro Gouvêa da Silva, o Tonhão, também tiveram a prisão preventiva decretada, mas já se encontravam presos no Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia.
Os irmãos são apontados como integrantes do Escritório do Crime, grupo de matadores de aluguel. Com a morte do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, na Bahia, em fevereiro de 2020, Mad assumiu a função e foi preso em junho do mesmo ano com Tonhão.
Ambos são suspeitos de fazerem "vigilância e monitoramento da vítima" pelo menos desde setembro de 2019. Mad e Tonhão chegaram a ser investigados por suspeita de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, mas até o momento nada foi comprovado contra eles referente a esse caso.
Outro acusado da morte de Bid, Wagner Dantas Alegre, que segundo a polícia é segurança de Bernardo Bello, está foragido. Ele é apontado pelos investigadores como o responsável pelos disparos.
Segundo Fernando Fernandes, um dos advogados Bernardo Bello, o processo de extradição é longo e "extremamente custoso".
"Bernardo deseja embarcar para o território nacional. Ele é primário, estava com os filhos menores lá de férias. Nós requeremos a suspensão do alerta da Interpol para que ele possa embarcar e se entregar no Brasil. A defesa também está tentando contato com o Ministério Público para viabilizar o pedido. Havendo concordância do MP ele poderia embarcar. Não há razões para meses de processo de extradição já que ele estava com retorno marcado para hoje (domingo), às 21h", explicou Fernandes.
Segundo o advogado, Bello está com quatro menores na Colômbia, sob a guarda dele, o que também complicaria o retorno das crianças. Fernandes alega que, até o momento, não teve acesso ao mandado de prisão do cliente.
De acordo com a denúncia do Gaeco, os seguranças contratados por Bid para acompanhá-lo na ida ao Sambódromo, Thyago e Carlos Diego, foram apontados como os responsáveis por fornecer informações como a localização da vítima e o momento em que abandonaram seus postos de vigilância. Já Wagner foi apontado como autor dos disparos de arma de fogo, um fuzil calibre 5,56, que mataram o contraventor.
"Foi praticado de modo a resultar perigo comum, com o emprego de arma de fogo quando a vítima se encontrava no interior de veículo onde estavam outros passageiros e motorista, em região urbana densamente povoada, colocando em risco incontáveis pessoas. Por fim, o crime ocorreu mediante dissimulação, uma vez que dois denunciados lograram ser contratados como seguranças para integrar a escolta de Bid, que pensava estar protegido; e por emboscada, uma vez que a vítima foi brutalmente alvejada por dezenas de tiros de fuzil, sem qualquer chance de defesa, no exato momento em que desembarcava de uma van, por executor que já a guardava de modo velado no local", informou o MP.