RJ: seis mortes são investigadas por supostas relações com guerra de milicianos
Crimes aconteceram entre sábado e o último dia 16. Na maior parte dos casos vítimas foram assassinadas com tiros de fuzil
A Polícia Civil investiga se seis assassinatos, ocorridos num espaço de seis dias, estão ligados a uma disputa envolvendo milicianos rivais pelo controle de negócios irregulares, na Zona Oste do Rio. As mortes ocorreram entre sábado e a última quinta-feira. Na maior parte dos homicídios, as vítimas foram atingidas por tiros disparados de fuzis.
Pelo menos duas pessoas foram executadas durante a invasão de homens do grupo paramilitar chefiado por Danilo Dias Lima, o Danilo Tandera. Na ocasião, os bandidos entraram em áreas dominadas pela milícia chefiada por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, e queimaram sete vans do transporte alternativo.
A primeira morte aconteceu em Santa Cruz. Wallace Fonseca da Silva, de 31 anos, estava próximo a um ponto de mototáxi na Rua Império, quando foi executado com tiros de fuzil, por volta de 0h15 desta quinta-feira. Um pouco mais tarde, às 10h30, Fernando da Silva Pereira foi assassinado na Estrada José Cid Fernandes, também em Santa Cruz. Informações preliminares revelam que, nos dois casos, os assassinos estavam vestidos com roupas pretas e portavam fuzis e pistolas. Nos dois locais, investigadores da Delegacia de Homicídios da Capital recolheram cartuchos de fuzis calibre 556 e de fuzis Ak-47.
A invasão teria sido uma retaliação a um duplo homicídio ocorrido, nesta quarta-feira, na Baixada Fluminense, em uma área controlada por Tandera. Na ocasião, dois homens ligados a Tandera foram mortos no bairro Marapicu, localizado às margens da Avenida Abílio Augusto Távora, em Nova Iguaçu. O assassinos seriam homens do grupo de Zinho.
Outras duas mortes, ocorridas na Zona Oeste, no último sábado, estão sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital e também podem estar ligadas a essa guerra. Num dos casos, uma vitima foi assassinada a tiros quando estava dentro de um carro. Os dois grupos de milicianos disputam a exploração de negócios irregulares que, segundo estimativa da Polícia Civil, gera uma arrecadação mensal em torno de R$ 10 milhões.
A maior parte deste dinheiro vem justamente da cobrança de taxas impostas aos motoristas de vans. Só com o pagamento feito pelos profissionais do transporte alternativo, os paramilitares arrecadam mensalmente uma quantia estimada em torno de R$ 2 milhões.
A ordem para queimar vans em áreas do rival teria sido ordenada por Tandera para forçar os motoristas a pagarem taxas para seu bando e não para o grupo chefiado por Zinho. Este último controla os negócios da milícia em Campo Grande, Paciência e Santa Cruz. Já Tandera controla um grupo paramilitar que explora negócios em Nova Iguaçu, Itaguaí, Seropédica, na Baixada Fluminense, e em parte de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.
Tandera e Zinho eram integrantes de um mesmo grupo paramilitar, chefiado por Wellington da Silva Braga, o Ecko. Entre o fim de de 2020 e o início de 2021, Ecko e Tandera tiveram um desentendimento e romperam. No dia 7 de janeiro, Ecko ordenou uma invasão à favela Gardênia Azul, em Jacarepaguá, que era controlada por um miliciano aliado de Tandera.
No dia 12 de junho, Ecko morreu durante uma operação policial. Vinte e quatro horas depois, o bando de Danilo Dias Lima invadiu, e ocupou por algumas horas a comunidade Manguariba, em Paciência, que era controlada pelo rival.
Luis Antonio da Silva Braga e Danilo Dias Lima estão com as prisões decretadas pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e são considerados foragidos. O Disque-Denúncia (2253-1177) oferece uma recompensa de R$ 5 mil por informações que levem à prisão de Tandera.
Por informações que ajudem na localização e prisão de Zinho, o Disque-Denuncia oferece uma recompensa de mil reais. Não é necessário se identificar.