Vans são incendiadas na Zona Oeste do Rio; polícia apura guerra de milícias

Incêndio dos veículos teria sido ordenado por Tandera em retaliação a dois assassinatos ocorridos, nesta quarta-feira, na Baixada Fluminense

Foto: Montagem iG / Reprodução / Instagram
Polícia investiga guerra entre milicianos

Pelo menos sete vans foram incendiadas na manhã desta quinta-feira em cinco bairros da Zona Oeste do Rio, segundo o Corpo de Bombeiros. De acordo com informações recebidas pela Polícia Civil e pela Polícia Militar, as vans foram queimadas em meio a um guerra entre  grupos de milicianos rivais chefiados por Danilo Dias Lima, o Danilo Tandera , e Luís Antônio da Siva Braga, o Zinho. O comércio está fechado em algumas vias da região. 

O incêndio dos veículos teria sido ordenado por  Tandera em retaliação a dois assassinatos ocorridos, nesta quarta-feira, na Baixada Fluminense. As vítimas seriam ligadas a Tandera e foram mortas tiros, no Bairro Marapicu, localizado às margens da Estrada Abílio Augusto Távora, em Nova Iguaçu. A Polícia Civil investiga ainda a possibilidade de que dois assassinatos, ocorridos também nesta quinta-feira, em Santa Cruz, estejam ligados ao conflito. Os mortos foram atingidos por tiros de fuzil. Os nomes deles não foram divulgados.

Duas vans foram incendiadas na Rua Agai, localizada no Jardim Palmares, em Paciência, na Zona Oeste. Duas vans também foram queimadas na Praça da Alegria, na Estrada do Tingui, em Campo Grande, e uma van foi queimada na Avenida João XXIII, em Santa Cruz. Há ainda outros dois veículos incendiados em bairros não divulgados.

Segundo a Polícia Militar, 150 homens com auxílio de um helicóptero já estão patrulhando pontos de Campo Grande e Santa Cruz. Ao telejornal RJ TV, o tenente-coronel da PM Ivan Blaz afirmou que todo o efetivo que realizava uma operação na Vila Kennedy, em Bangu, foi deslocado para região onde o confronto de milicianos acontece.


"Nossa missão prioritariamente é estabilizar a área. Assim que a PM tomou ciência dos primeiros ataques às vans na região de Campo Grande e Realengo, deslocamos todo nosso efetivo que estava empenhado numa operação na Vila Kennedy para a região ( Campo Grande e Santa Cruz)", disse Blaz.

Na Avenida Brasil, na entrada para a Comunidade dos Jesuítas, a Polícia Militar montou uma blitz. Motoristas que acessam a região são revistados.

A Polícia Civil investiga a guerra de milicianos rivais . Grupos de policiais de uma força-tarefa composta por agentes da Draço, do Departamento Geral de Polícia Especializada e da 36ªDP (Santa Cruz) estão sendo mobilizados na investigação.

Às 12h50, não havia vans em circulação nas ruas de Campo Grande e de Santa Cruz. Na Estrada Rio-São Paulo, era possível notar apenas a presença de ônibus. Na estrada Avenida João XXIII, em Santa Cruz, na altura do Residencial Santorini, há uma van destruída pelo fogo. Segundo moradores, que não quiseram se identificar, o automóvel foi incendiado pouco depois das 10h30.

O dono de uma das vans queimadas disse que “não aguenta mais viver nessa situação”.

"Fui abordado pouco depois das 9h45. Tinha passageiros e eu estava indo para a estação de Santa Cruz. Quando passava pela Estrada João Paulo eles mandaram todo mundo descer e atearam fogo. Eu não aguento mais essa vida. Amanhã vou para Minas Gerais com a minha família", afirmou.

Por conta da guerra entre grupos rivais de milicianos , a Rio Ônibus informou que parte da frota que circula na região atingida pelo confronto teve suas linhas remanejadas ou interrompidas para garantia de segurança de passageiros e motoristas. Abaixo, a íntegra da nota enviada pelo sindicato das empresas de ônibus.

"Parte da frota que circula na região afetada teve suas linhas remanejadas ou interrompidas momentaneamente para garantia de segurança de passageiros e motoristas, bem como para evitar atos de vandalismo e incêndios criminosos a ônibus. O Rio Ônibus ressalta a necessidade de maior atenção das forças de Segurança Pública no patrulhamento dos itinerários, permitindo que o transporte da população opere sem danos."

Foto: Reprodução
Tandera encabeça a lista vermelha do Disque Denúncia

A Prefeitura do Rio informou que duas linhas do BRT, que circulam na região onde os confrontos acontecem, foram temporariamente interrompidas. Abaixo, a nota na íntegra:

"A Prefeitura do Rio, por meio do BRT Rio, informa que as linhas do BRT LECD 33 (Campo Grande x Santa Cruz) e 14 (Campo Grande x Salvador Allende), que circulam na Avenida Cesário de Melo, estão temporariamente suspensas devido aos incidentes na região. Vamos informar assim que forem normalizadas."

Em uma nota, a Polícia Militar informou que homens de sete batalhões estão atuando na Zona Oeste. Abaixo, a íntegra do documento.

"Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que os batalhões do 2º Comando de Policiamento de Área (CPA) que atuam na Zona Oeste: 9ºBPM (Rocha Miranda), 4OºBPM (Campo Grande), 14ºBPM (Bangu), 27ºBPM (Santa Cruz), 31ºBPM (Recreio dos Bandeirantes), e 41ºBPM (Irajá) estão reforçando o policiamento na região de Campo Grande e Santa Cruz, área que vem sofrendo reflexos de disputas territoriais entre facções criminosas, onde sete vans foram incendiadas, desde a noite de quarta-feira 15/09. Unidades subordinadas ao Comando de Operações Especiais (COE) continuam operando nesta quinta-feira (16/09) na Comunidade da Vila Aliança, comunidade que sofre influência de facção criminosa parceira das milícias. O reforço no policiamento tem apoio também de comboios do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) e de aeronaves do Grupamento Aeromóvel (GAM). Esse reforço visa garantir o retorno do transporte público com segurança na região."

O Portal dos Procurados oferece R$ 5 mil de recompensa por informações que ajudem a prender o  miliciano Tandera, de 37 anos, alvo de investigações da Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) . Ele está foragido da Justiça desde novembro de 2016, quando fugiu da Casa do Albergado Crispim Ventino. Sua quadrilha atua em Seropédica, Itaguaí, e em outros pontos da Baixada, como o Bairro K-32, em Nova Iguaçu. Ele é suspeito de lavar dinheiro de atividade criminosa da milícia, adquirindo mansões, cavalos de raça, carros, entre outros.