Após um ano de investigação, o delegado Adriano França, titular da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), deflagrou, na manhã desta terça-feira, 18, uma operação que visa cumprir 68 mandados de busca e apreensão, em 17 estados e no Distrito Federal, contra uma rede de pedofilia. Até o momento, um homem foi preso, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A ação, chamada de Lótus, ocorre no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
No Estado do Rio de Janeiro, a própria Dcav cumpre nove mandados, com apoio de outras delegacias especializadas, em Macaé, Campos, Niterói e Duque de Caxias. Na capital, há alvos com endereços em Jacarepaguá e Guaratiba.
A investigação da Dcav apontou outros 16 estados em que pedófilos se comunicavam através de grupos pela internet. Esses mandados serão cumpridos pelas respectivas polícias de cada localidade, sendo: Bahia (5); Ceará (3); Espírito Santo (3); Goiânia (5); Maranhão (1); Minas Gerais (6); Mato Grosso (2); Pará (4); Pernambuco (2); Piauí (1); Paraná (1); Rio Grande do Norte (1); Rio Grande do Sul (6); Santa Catarina (1); Sergipe (1) e São Paulo (15). Um outro homem, apontado por pedofilia, tem residência no Distrito Federal.
A Polícia conseguiu detectar que esses pedófilos frequentemente mudavam de grupos em redes sociais para manter o contato e trocas de vídeos e fotos dos menores. Alguns, somente trocavam imagens; outros as produziam. Segundo a polícia, as vítimas têm diferentes idades, inclusive bebês.
"Isso foi o que mais me chocou na investigação: as imagens de bebês, de crianças de meses. Qualquer crime contra criança choca, mas essas imagens foram muito impactantes", disse o delegado da Dcav à reportagem.
Apesar de sempre mudarem de grupos, os pedófilos tinham códigos específicos para a troca de mensagens e imagens. Entre o material produzido, algumas crianças, além de abusadas, eram torturadas.
Os mandados são de busca e apreensão já que a polícia conseguiu localizar o IP (espécie de CPF de uma conexão) utilizado para o acesso à internet - mas isso não quer dizer que somente uma pessoa tenha acesso a esse terminal.
"Pode ser um wi-fi, por exemplo, que é acessado por diferentes pessoas. Temos que apreender os aparelhos eletrônicos para saber quem é o responsável pelo acesso ao material pornográfico infantil", explicou França.
A localização dos IPs ocorreu após trabalho de peritos da Polícia Civil, com autorização judicial para a quebra dos sigilos telefônicos.
Até o ano de 2019, 86,8 mil denúncias foram registradas pelo no Disque 100. Dentre elas, 17 mil abusos sexuais, 11% dos crimes. Segundo a polícia, há indicadores de que na pandemia houve aumento de casos.
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