Desde 2003, quando o Instituto de Segurança Pública (ISP) começou a catalogar as mortes em confronto com a polícia de acordo com o local onde ocorreram, a área da 25ª DP (Engenho Novo) registrou 411 homicídios por intervenção policial, uma média de um a cada 15 dias. A Cisp (Circunscrição Integrada de Segurança Pública) 25 abarca a favela do Jacarezinho
, local onde ocorreu, na última quinta-feira, 06, uma operação da Polícia Civil deixou 28 mortos, sendo um deles o policial civil André Leonardo de Mello Frias.
A Cisp 25 abarca, além do Jacarezinho, os bairros do Engenho Novo, Jacaré, Riachuelo, Rocha, Sampaio e São Francisco Xavier. Entre janeiro e março deste ano, foram registradas cinco mortes em confronto com a polícia na área. Os 27 suspeitos mortos na favela na operação de quinta-feira equivalem a todas as mortes em confronto na circunscrição da delegacia durante todo o ano de 2019. Apenas em cinco anos da série histórica o total de mortes em ações da polícia superou o número de quinta-feira passada: 2003 (45 ocorrências), 2004 (37), 2006 (29), 2007 (36) e 2018 (32 mortes).
Organizações de proteção aos direitos humanos e da sociedade civil, como a Anistia Internacional, consideram que houve na favela uma chacina. A Polícia Civil, por sua vez, sustenta que todos os mortos pelos agentes eram suspeitos de integrar o tráfico de drogas.
Em entrevista à CNN Brasil, o subsecretário Operacional da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rodrigo Oliveira, defendeu a atuação dos policiais, mas admitiu que não se pode “considerar um sucesso uma operação que termina com tantas vítimas”.
A operação, que teve a participação de 200 agentes, terminou com apenas seis presos e 23 armas e 12 granadas apreendidas. Ela tomou por base um processo por associação ao tráfico da 19ª Vara Criminal. A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) teria ido à favela, com o apoio de outras unidades, para cumprir o mandado de prisão contra 21 pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), sob a suspeita de aliciar menores.
No entanto, o relatório da ação traz outra justificativa para a operação, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro: o fato de o local ser considerado um dos quartéis-generais de uma facção criminosa da cidade.