Ygor estava em um presídio com casos de sarampo
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Ygor estava em um presídio com casos de sarampo

A família de Ygor Nogueira do Nascimento, de 22 anos, que estava preso na Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, demorou três dias para conseguir liberar o corpo do rapaz, morto na última sexta-feira (20). Ygor não tinha suspeitas de contaminação pelo novo coronavírus, mas ainda assim a família ficou em meio a um impasse causado pela pandemia. Seus familiares só conseguiram liberar o corpo na manhã desta terça-feira (24).

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Segundo informações da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), o preso  se sentiu mal na noite da última sexta-feira (20) e foi atendido no Pronto Socorro Geral Hamilton Agostinho, no Complexo de Gericinó. A pasta informou que realizou o registro de ocorrência na 34ª DP (Bangu) no mesmo dia, onde, conforme protocolo, seria feito pedido para remoção do corpo. Ygor não apresentava sintomas de virose respiratória, segundo a Seap.

De acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO , o impasse começou após o registro feito na delegacia. Antes da pandemia causada pelo novo coronavírus , após o pedido de remoção do corpo feito pela unidade policial, os bombeiros retiravam o cadáver do hospital da Seap e o levavam para o Instituto Médico Legal (IML). Lá, era feito o laudo cadavérico no qual seria atestada a causa da morte do preso.

No sábado, a direção do IML avaliou que o procedimento deveria ser alterado, e solicitou que os médicos da Seap realizassem o processo que antes era feito no instituto. Como não havia qualquer regulamentação para a situação, criou-se o impasse.

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No domingo, a diretora do IML, Gabriela Graça, esteve no Complexo de Gericinó e ela própria atestou a morte de Ygor. Nessa terça-feira, o corpo foi para o instituto e a família conseguiu liberá-lo. O enterro do rapaz vai acontecer às 16h30 desta quarta-feira no cemitério do Murundu.

Irmã de Ygor, Carolyne Nogueira do Nascimento afirma que a família até agora não sabe a causa da morte do rapaz, que em seu atestado de óbito consta como indefinida. De acordo com a jovem, o irmão foi preso há cerca de três semanas. Ele era mantido no presídio Ary Franco, em Água Santa, Zona Norte do Rio, ondehá presos com sarampo. Na última sexta-feira, horas antes de ser encaminhado para o hospital do sistema prisional, Ygor foi transferido para a Cadeia Pública Paulo Roberto Rocha.

- Nós esperamos todos esses dias para conseguir liberar o corpo e continuamos sem saber a causa da morte dele. É desolador. Meu irmão não tinha problemas de saúde. A única coisa que sabemos é que onde ele estava (o presídio Ary Franco) tinha surto de sarampo. Ninguém nos fala nada e a gente fica sem saber o que fazer. O enterro terá que ser com caixão fechado e lacrado e não sei o motivo - afirmou Carolyne ao GLOBO .

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Segundo informações da Polícia Civil, uma nova resolução, criada em conjunto com a Seap, será publicada nos próximos dias. A partir de então, casos de preso que morrer em cadeias no Rio de forma não violenta terão o atestado de óbito feito por médicos da própria Seap. No IML, só passarão por perícia os corpos daqueles que tenham morte violenta ou suspeita.

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