As investigações sobre a morte de Romuyuki Gonçalves, Flaviana Menezes e Juan Victor Gonçalves, família encontrada carbonizada dentro de um carro em São Bernardo do Campo na manhã da última terça-feira (28), indicam que as autoras do crime são Ana Flávia e Carina Ramos, filha e nora do casal.
Até o momento, nenhuma linha de investigação foi descartada pelo Setor de Homicídios da Delegacia Seccional de São Bernardo do Campo, mas a Polícia Civil descobriu a causa da morte das vítimas, que sofreram pauladas, e levantou a suspeita de participação de mais pessoas no caso.
A cena do crime
Os corpos das três vítimas estava dentro de um carro do modelo Jeep Compass azul, encontrado incendiado por funcionários de uma subestação de energia na Estrada do Montanhão, em área erma de São Bernardo do Campo. O Corpo de Bombeiros foi chamado, apagou o fogo e encontrou os cadáveres carbonizados no porta-malas do veículo.
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Com o início das investigações sobre as vítimas, a casa da família foi visitada pelos policiais e encontrada revirada. Além de eletrodomésticos, joias, R$ 8 mil em dinheiro, dólares e uma espingarda foram levadas do local. Nenhum desses objetos foi encontrado até o momento.
Depoimento e prisão da filha e nora da família
Segundo a polícia, Ana Flávia, de 25 anos, filha do casal morto, ficou em choque após o anúncio da morte e precisou ser medicada. Ela “foi ouvida exaustivamente”, assim como Carina.
“A questão que levantaram é que era um problema de pagamento de agiota, porém os investigadores percebiam algumas contradições nas versões apresentadas pelas duas”, afirmou o delegado Paul Henry Bozon Verduraz.
Após as contradições, as duas foram presas de forma temporária. A justiça pediu a quebra do sigilo telefônico de ambas para investigar mais pistas sobre o caso. A versão do casal é de que os pais de Ana Flávia tinham dívidas com agiotas e que, durante uma confraternização familiar, a mãe recebeu um telefonema que deixou o “clima estranho”, as obrigando a sair de casa.
As suspeitas afirmam que saíram de casa junto da mãe, que teria dito que abasteceria o veículo para seguir em viagem até Minas Gerais e pagar o agiota.
Câmeras de segurança e mãe dirigindo carro com corpos
Imagens das câmeras de segurança do condomínio no qual a família morava foram analisadas pela polícia. Nelas, é possível ver o carro da filha entrando e saindo do local na noite da segunda-feira, poucas horas antes do crime, diversas vezes.
Pouco depois, a namorada de Ana Flávia entra no local a pé e com o rosto escondido em um capuz. Duas horas após a entrada de Carina, o carro da família chega ao local com a mãe de Ana Flávia, Flaviana, ao volante.
Três horas após a entrada do carro de Flaviana em casa, por volta das 1h14, o carro de Ana Flávia sai do carro seguido pelo da mãe, que, segundo o porteiro, estava dirigindo o veículo. A suspeita da polícia é de que o irmão e pai da suspeita já estivessem mortos nesse momento e que a mulher estivesse trafegando com eles no porta-malas.
Sangue nas roupas e mais um suspeito identificado
Investigadores encontraram sangue na camisa que Ana Flávia utilizava na noite do crime. Além dela e da namorada, Carina Ramos, mais um suspeito de envolvimento nas mortes foi identificado pela polícia após informações de uma testemunha: um homem com cerca de 1,90 metro que estaria andando dentro da casa da família. Ele ainda não foi encontrado.
Segundo a testemunha, que não teve identidade revelada e está protegida pela polícia, o carro da família foi estacionado de marcha-ré na casa e carregado com “algo pesado”, o que pode ser o corpo da família.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, segredo judicial foi requerido para que o andamento das investigações fosse preservado e diligências são realizadas para que outros suspeitos sejam identificados e presos.