'Nossa esperança é Deus', diz tio de menino baleado no Morro São João

Família teve que recorrer à Justiça por vaga em UTI neuropediátrica; oficial de justiça busca uma vaga em hospitais públicos ou particulares

Pai do menino acompanha o filho no Hospital Salgado Filho
Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo
Pai do menino acompanha o filho no Hospital Salgado Filho

É grave o estado de saúde do menino de 5 anos atingido por uma bala perdida na cabeça, na noite desta segunda-feira, quando jogava bola com o pai, no Morro São João , no Engenho Novo, Zona Norte do Rio. A criança, que passou por uma cirurgia, está internada no Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, também na Zona Norte à espera de uma vaga numa UTI neuropediátrica. O pai do do menino, Paulo Roberto Monteiro, de 36 anos, também ficou ferido na mão esquerda, ao tentar proteger o filho do disparo.

Durante a madrugada desta terça-feira (28), a família recorreu ao Plantão Judiciário para fazer a transferência da criança, já que no Hospital Salgado Filho não há uma UTI neuropediátrica. A Justiça acatou a decisão e a família está com uma liminar que obriga a remoção do menino para uma unidade compatível com seu estado de saúde.

"Nossa esperança é Deus. O estado dele é grave , passou por cirurgia e agora só estamos esperando que meu sobrinho seja transferido para uma UTI neuropediátrica . Estamos lutando para salvar o meu sobrinho", disse o tio do garoto, o refrigerista João Paulo Monteiro Esperança, de 38 anos, nesta terça.

De acordo com parentes da criança, um oficial de justiça está percorrendo hospitais públicos e particulares atrás de uma vaga.

Bala está alojada

A bala que atingiu o menino está alojada. De acordo com João Paulo, a cirurgia realizada durante a madrugada foi para que os médicos estancassem uma hemorragia na cabeça do menino e limpassem a área do ferimento: "No entanto, não retiraram a bala".

Em nota, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que o confronto no Morro São João começou após equipes da UPP da comunidade serem atacadas a tiros e os policiais revidarem. Leia a íntegra da nota da corporação:

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"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, na noite de segunda-feira (27), equipes da UPP São João em deslocamento pela comunidade Morro São João, na Zona Norte da cidade do Rio, foram atacadas a tiros por criminosos. Os policiais reagiram e ocorreu confronto no local. Posteriormente, a equipe policial foi informada que duas pessoas feridas, sendo uma criança, foram socorridas para hospital da região. O fato foi constatado na unidade de saúde. Ocorrência encaminhada para a 25ª DP".

Já a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que, "de acordo com a 25ª DP (Engenho Novo), foi instaurado um inquérito para apurar o caso. Testemunhas serão ouvidas. Outras diligências estão sendo realizadas para esclarecer o fato".

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Futebol às segundas

Moradores do Sampaio, o menino e o pai sempre iam ao Morro São João às segundas para jogar futebol. A família já havia morado na comunidade e se mudou há três anos.

"Eles saíriam de casa antes das 19h e foram jogar bola. O meu irmão e o meu sobrinho estavam brincando na parte de fora do campo quando, de uma hora para outra, começou o tiroteio. O meu irmão, para proteger o Arthur, se jogou no chão. Mas a bala atravessou a mão esquerda do meu irmão e atingiu a cabeça do meu sobrinho", lembrou João Paulo.

Os familiares e amigos chegaram a levar ambos para o Hospital Vital. Depois de ter sido feito um curativo em sua mão, Paulo Roberto recebeu alta. Já Arthur foi encaminhado para o Salgado Filho.