COE dá dupla lição ao crime: Dureza no combate e Integridade na ação

Patrulha do COE, Comandos e Operações Especiais, apreende drogas, recusa suborno, prende gerente do tráfico e ainda aumenta seu tempo de cadeia

Policial Militar do Comandos e Operações Especiais
Foto: foto: Tenente Coronel PM Luis Augusto Pacheco Ambar
Policial Militar do Comandos e Operações Especiais

Era perto do meio-dia quando o PM do  COE convidou as duas mulheres para ingressar no 9 Distrito Policial, no centro de São Paulo: “Vamos entrar para tomar um café?”. As duas traziam parte dos R$10 mil do suborno para comprar a liberdade de um traficante preso.

Algumas horas antes, na manhã do dia 2 de janeiro, o recém empossado Governador João Dória ordenava o início da operação “ São Paulo Segura ”, uma grande ação de patrulhamento ostensivo feita pela Policia Militar paulista, desenhada para dar um recado de força, no primeiro dia de trabalho do novo governo: em São Paulo a repressão ao crime será conduzida com dureza. O COE também foi acionado para atuar nessa operação.

Foto: foto: COE / Divlgação
Parte dos R$ 10 mil usados na tentativa de subornar a Polícia para soltar o gerente do tráfico


O que é o COE?

Comandos e Operações Especiais é uma das unidades de elite da PM Paulista composta por Policiais que possuem treinamentos, equipamentos e procedimentos altamente especializados, que os habilitam a intervir em crises de segurança pública de grande complexidade, e de alto poder ofensivo.

Estes PMs, compõe uma formidável força de combate contra o crime, aptos a executar missões diurnas e noturnas em ambientes urbanos e rurais, em qualquer tipo de clima, por terra ar e mar, e pelo tempo que for necessário.

Operação "São Paulo Segura"

No início desta quarta-feira (2), várias equipes do Comandos e Operações Especiais se integraram às forças do “São Paulo Segura”. Às 9:30, uma viatura do COE, que havia sido designada para rodar pela área central de São Paulo, passava perto do conjunto habitacional Zaki Nachi, quando um dos quatro Policiais a bordo observou uma movimentação suspeita. Ele imediatamente dá o alarme, e antes da viatura parar, abre a porta e desembarca.

“Além de conhecer bem aquela área e saber aonde patrulhar, tivemos sorte de passar pelo local justamente quando os traficantes faziam a troca de turno: os criminosos da noite estavam passando o controle da biqueira (ponto de venda de drogas) para os comparsas, que iriam vender drogas durante o dia”, relata o Soldado do COE.

Após uma perseguição a pé pelas vielas da comunidade, um dos três traficantes foi detido e preso. Para sorte da Equipe do COE o algemado era o gerente da biqueira, Luciano, um velho conhecido da Polícia que parece não ter sorte nas suas escolhas.

Foto: foto: COE / Divlgação
Luciano o gerente do tráfico. Na foto superior à direita uma das suas várias tatuagens. No mundo do crime, cada uma possuí um significado, podendo indicar qual a posição do bandido na hierarquia do crime, e até o tipo de crime que cometeu. Abaixo, a cicatriz do tiro que levou ao tentar assaltar um Policial.

Além do azar de optar pelo horário e local errados para fazer a troca de turno, ele também não tem sorte ao escolher suas vítimas de roubo. Há algum tempo decidiu assaltar um cidadão, que para sua dolorosa surpresa, era um Policial. A longa cicatriz do tiro que Luciano levou no abdômen indica como essa tentativa de assalto terminou.

Os outros dois criminosos que fugiram pelas vielas da Zaki Nachi, possuíam funções classificadas no mundo do tráfico como: “Vapor” e “Campana”. O primeiro é responsável pela entrega das drogas, e o segundo atua como vigia. O campana desta ocorrência seguramente perderá seu emprego. O Soldado do COE relata:

“Apreendemos com o Luciano 238 pedras crack, 198 pinos com cocaína, material de contabilidade do tráfico e R$530,00. Em média as biqueiras dessa comunidade faturam cerca de R$9.000 por dia cada uma. O dono do ponto, ligado ao PCC, fica com 75% do faturamento, o gerente da biqueira, nesse caso o Luciano, fica com 12,5% e restante é dividido entre o vapor e o campana”.

A diferenca entre a  Pollícia Militar paulista e o crime

Durante o trajeto para o DP, Luciano ofereceu R$10 mil para os PMs o libertarem. Ao chegar na delegacia, os  PMs do COE conversaram com o Delegado e desenharam um plano para complicar ainda mais a vida do traficante.

Os Policiais iriam “aceitar” o suborno e no momento do pagamento, o traficante também seria indiciado por crime de corrupção ativa consumada. Leia o relato do PM do Comandos e Operações Especiais:

Foto: COE / Divlgação
Parte do crack e cocaína aprendidos pelo COE, mais R$530. Note o pedaço de papel com anotações da contabilidade do tráfico

“Conversamos com o Luciano, dissemos que aceitaríamos o dinheiro e deixamos ele usar seu celular. Ele ligou para um tal de Mixirica e pediu o dinheiro. Algum tempo depois a esposa do traficante e sua irmã, com o filho de 2 anos no colo, aparecem na Delegacia. Eu as recebi e convidei para entrarem e tomar um café. Elas então entregaram R$3.000 em espécie e prometeram dar o resto depois. Luciano foi imediatamente acusado de corrupção ativa, todo processo foi documentado”.

Veja o vídeo do momento exato em que o PM do COE recusa o suborno:

“O que impressiona é a organização do trafico; eles trabalham como uma verdadeira empresa, com cargos, tarefas e remunerações bem definidas, tudo acontecendo com muita normalidade, como se fosse uma atividade legalizada, mas o produto que comercializam é a morte. A melhor coisa que pode acontecer para um PM é chegar casa e encontrar sua família, com a consciência tranquila de ter cumprido seu dever e protegido a sociedade”, termina o Policial do COE .